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sábado, 22 de outubro de 2022

DF - Desconfiado, demorou a se aproximar. Mas logo devorou cada uma das hortaliças - Técnica de enriquecimento ambiental melhora a saúde de animais no Zoo

 
O casuar Cristiano, ave de grande porte de origem australiana, foi estimulado pelos técnicos com um tubo de PVC de onde saíam várias folhas de couve

O casuar, ave de grande porte de origem australiana, foi estimulado pelos técnicos. De comportamento agressivo como toda a espécie, Cristiano saiu debaixo de uma árvore de seu recinto e aos poucos se aproximou da grade para a refeição do dia. Ali, foi colocado um tubo de PVC de onde saíam várias folhas de couve. Desconfiado, demorou a se aproximar. Mas logo devorou cada uma das hortaliças.

O rinoceronte Thor, de três toneladas, deixou seu recinto e se entreteve com os objetos deixados pela equipe do parque: estímulo para que saia do ócio | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

Método aplicado semanalmente deixa os bichos mais espertos, saudáveis e capazes de prender a atenção do público.

Um estímulo para que os bichos deixem a chamada zona de conforto e sejam mais ativos. A surpresa para alguns animais naquele que parece mais um dia comum. Essas são as propostas da técnica de enriquecimento ambiental, praticada semanalmente no Zoológico de Brasília. Além de fazer bem à saúde física e mental das espécies, vão surgindo ali animais mais espertos, saudáveis e capazes de prender a atenção do público.

Com um plantel de cerca de 750 animais, o Zoo da capital oferece enriquecimento para quase toda a bicharada – aves, mamíferos e répteis, etc. De janeiro a setembro, foram 921 atividades que resultaram em mais de 3 mil experiências novas para eles. Esta semana, foi a vez do rinoceronte Thor. Com suas 3 toneladas e com o corpo coberto de terra, o mamífero deixou sua casa, caminhou bem e se entreteve com uma caixa de papelão deixada pela equipe do parque. Foram várias as chifradas. Logo à frente, uma bola feita de concreto e borracha também o esperava.

“Quando a gente coloca a bola e a caixa, a gente sabe que ele vai empurrar, vai levar para diferentes pontos do recinto. Porque já observamos o comportamento dele”, diz o veterinário Bryan Amorim, servidor da área de bem-estar animal do Zoo. “É algo legal que a gente quer estimular nesse animal, que ele saia do ócio. É um comportamento natural, que eles teriam na natureza”, acrescenta.

Troca de recinto

Ações curiosas que chamaram a atenção de meia dúzia de alunos de uma escola particular que pararam para observar e apontaram para a ave topetuda. “Colocamos ali um alimento diferente, em um local distinto para desafiá-lo. Gera um pequeno estresse no animal, mas faz bem para a saúde, para o desenvolvimento dele”, pontua a gerente de bem-estar animal, Marisa Carvalho. “Outra técnica usada é trocar os bichos de recinto, que traz uma experiência bacana para eles”, aponta.

A técnica é muito usada para animais em cativeiro por todo o mundo, a exemplo de zoológicos, granjas e outros. Bryan cita, por exemplo, trilha com rastros e cheiro de ratos deixada para que as cobras possam se sentir atraídas. Ou móbiles feitos de madeira para as aves se divertirem.

Movimentação é a ordem

Experiências sensoriais, sociais, cognitivas e alimentares, entre outras. “É um bem-estar mental para eles e também uma forma de prevenir que não adoeçam no futuro”, diz Bryan Amorim. “Temos uma programação mensal completa de enriquecimento, com ‘n’ atividades. A ideia é não deixar esses bichos parados”, finaliza o profissional, que vibrava a cada mudança de comportamento de seus ‘pupilos’.


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