Ambos são alagoanos. O primeiro é um gigante da música brasileira, o compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal. A outra é uma nova espécie de árvore gigante que pode alcançar até 30 m alt., recentemente catalogada como /Dipteryx hermetopascoaliana/ e que se destaca na floresta também por seu tronco de cor clara. A espécie foi descrita em artigo publicado em 9/10 na prestigiosa revista científica Botanical Journal of the Linnean Society e recebeu dos pesquisadores esse nome como uma homenagem ao músico.
O gênero/ Dipteryx/ pertence à
família das leguminosas e é comum na Amazônia, com espécies como o cumaru (/D. odorata/),
e no Cerrado, como o baru (/D. alata/). Mas a /Dipteryx hermetopascoaliana /é a
primeira espécie do gênero descrita na Mata Atlântica, o bioma mais devastado
do Brasil, atualmente com cerca de apenas 10% de sua cobertura original.
Assim, a /D. hermetopascoaliana/ já está altamente ameaçada pela destruição histórica de seu habitat. Os pesquisadores encontraram apenas um indivíduo adulto e dois jovens em um fragmento de floresta cercado de lavouras de cana-de-açúcar, no município de Branquinha - AL.
A descoberta é parte dos resultados da tese de doutorado de Catarina Silva de Carvalho, egressa da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ), e tem como coautores os seus orientadores Haroldo Cavalcante de Lima e Domingos Cardoso, do JBRJ, e também Débora Zuanny, da Universidade Federal da Bahia, e Bernarda S. Gregório, da Universidade Estadual de Feira de Santana.
"Assim como Hermeto é símbolo de resistência da diversidade da cultura brasileira dentro do universo infinito do jazz, através de seu tempero nordestino e de natureza universal, sendo referência mundial, a árvore gigante /Dipteryx hermetopascoaliana /que catalogamos é símbolo de resistência da megadiversidade da Mata Atlântica", afirmam os autores.
A descoberta foi apresentada
na palestra “Descobertas recentes de árvores gigantes na Mata Atlântica revelam
a urgência de conservação da biodiversidade de plantas”, como parte da
programação da 19º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no JBRJ.
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