Por Fleiron Silva*
É crescente a preocupação das empresas com os impactos ambientais de suas atividades, cenário que tem movimentado também os sistemas logísticos na direção de boas práticas de sustentabilidade. Nessa busca por eficiência operacional e pelo uso eficaz de recursos — e sob a influência das demandas da agenda ESG —, muitas iniciativas têm se voltado para as operações que envolvem o transporte. Não por acaso, já que a cadeia de distribuição de produtos tem intenso consumo de combustíveis fósseis, sendo responsável pela emissão de um grande volume de gases de efeito estufa e poluentes.
No caso brasileiro, a questão é ainda mais sensível, considerando que o modal rodoviário, altamente poluente, é preponderante no país. Além disso, há longas distâncias a serem percorridas pelos caminhões para carregar as mercadorias e entregá-las a seus destinos nesse território de proporções continentais. A adaptação a práticas mais sustentáveis de transporte é, portanto, um grande desafio do ponto de vista operacional. Segundo dados do Observatório do Clima, o setor de transporte representou 47% de todas as emissões brasileiras em 2019, e o transporte de cargas foi responsável por 40% desse total (resultado de combustão de gasolina e óleo diesel).
Ao lado do fator ambiental, pesa nesse contexto o custo elevado do combustível para a cadeia de distribuição. A instabilidade dos preços dos combustíveis provoca tanto variação do valor final do produto para o consumidor quanto volatilidade de custos a serem absorvidos. Num país com as dimensões do Brasil, isso encarece a logística para muitos setores da indústria e do agronegócio, com efeitos indesejáveis para as empresas.
Assim, como forma de enfrentar as dificuldades e de atender as necessidades de redução de emissões, as empresas podem aderir a boas práticas de logística de transporte, como a operação gradativa com veículos (carros e caminhões) elétricos. Essa solução pode ser implementada de maneira estratégica, alocando essa frota especial em trechos e em etapas da operação. Isso pode, ao mesmo tempo, representar economia em termos financeiros e alinhamento à agenda de sustentabilidade.
A Rech já tem atuado nesse sentido. A empresa colocou recentemente em operação seu primeiro caminhão 100% elétrico. Com autonomia para rodar 250 quilômetros por dia, o veículo carrega produtos que saem do centro de distribuição da empresa na cidade goiana de Hidrolândia para atender unidades e clientes de Goiânia. O modelo conta com alta tecnologia, inclusive com baterias recarregadas com a eletricidade produzida pelo atrito do próprio motor.
Iniciativas desse tipo aplicadas ao transporte de cargas já são capazes de gerar economia operacional, com grande relevância para todo o sistema logístico. Elas podem, ainda, ser combinadas a outras ações sustentáveis, como o uso de material reutilizável para embalagens, o redesenho de rotas e o gerenciamento de cargas e de armazenamento.
Implantar soluções de forma paulatina e com perspectiva de
longo prazo é uma boa estratégia para áreas tão complexas quanto a logística de
transporte. Esse comprometimento fortalece a busca das empresas não apenas por
processos mais eficientes e competitividade, mas também a conscientização de
todos para fazer a diferença no planeta.
*Diretor de Supply Chain da Rech
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