Marco Silva
Para promover a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, a PRETATERRA, iniciativa brasileira que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos pelo mundo, participa do desenvolvimento do Projeto Mutum-de-penacho*, liderado pela AES Brasil em parceria com a SAVE Brasil, no noroeste do estado de São Paulo, onde fica a porção paulista da área de influência do reservatório da Usina Hidrelétrica Água Vermelha (UHE-AGV).
O projeto da AES Brasil e da SAVE Brasil tem como objetivo o monitoramento e a conservação da avifauna regional, o engajamento da comunidade local e a pesquisa científica. Um levantamento realizado previamente na área de entorno da UHE-AGV detectou valores baixos tanto da população do mutum-de-penacho (Crax fasciolata), ave ameaçada de extinção, como de outras espécies da mesma família, consequência dos impactos negativos ao ecossistema, como a perda e fragmentação de seu habitat natural, incêndios acidentais e caça.
Atuando como parceira do projeto, a PRETATERRA vai recomendar áreas prioritárias para a conservação a partir de análises florísticas, fitossociológicas e ecológicas realizadas em 25 remanescentes florestais da região. “Na primeira fase do projeto, para determinar a condição atual dos fragmentos da área de estudo quanto ao seu estágio de regeneração e conservação, fizemos um extenso estudo sobre a vegetação, listando espécies arbóreas de ocorrência regional e elaboramos um levantamento histórico sobre o uso do solo e o desmatamento na área”, explica o engenheiro florestal e um dos fundadores da PRETATERRA, Valter Ziantoni.
“O conhecimento das espécies vegetais de uma região é a base para estudos científicos, manejo ambiental e administração de recursos, podendo ser acessado de maneira qualitativa e quantitativa. O levantamento florístico tem como objetivo inventariar e identificar as famílias e espécies botânicas que ocorrem na região estudada. Adicionalmente, a investigação fitossociológica fornece dados estatísticos para a compreensão da dinâmica das espécies na comunidade vegetal de interesse”, esclarece a doutora em botânica Mariana Saka, responsável técnica do estudo.
No Projeto Mutum-de-penacho, esses levantamentos botânicos foram realizados pela identificação e medição de indivíduos em campo, fornecendo indicadores ecológicos que permitem classificar o estágio de conservação de cada fragmento e, com isso, recomendar estratégias para o manejo destes habitats.
“A partir dos dados levantados em campo trabalhamos no Plano de Manejo da Paisagem e dos Fragmentos Florestais, apontando as principais ações estratégicas para restauração da área, a partir do panorama dos remanescentes florestais e das áreas de restauração selecionados. Indicamos áreas prioritárias para o reflorestamento e conectividade de fragmentos, inclusive por meio de sistemas agroflorestais, tornando o ecossistema mais biodiverso, atrativo e propício para a fauna silvestre, principalmente para o mutum-de-penacho”, complementa a engenheira florestal e também fundadora da PRETATERRA, Paula Costa.
“Os resultados indicam heterogeneidade na riqueza e diversidade dos fragmentos amostrados. Isso reflete, em parte, a diferença na área dos fragmentos, que vai de 3 a 540 hectares. Dois fragmentos florestais, nos municípios de Mira Estrela e Riolândia, apresentaram índices de diversidade e riqueza similares ao da Estação Ecológica Paulo de Faria, a única área de conservação do estudo. Indicamos ações que aumentarão a conectividade entre esses três fragmentos chave, que a longo prazo não apenas transformarão a paisagem, mas promoverão a biodiversidade das florestas do noroeste paulista”, conclui Mariana.
As informações obtidas pela PRETATERRA serão utilizadas pela SAVE Brasil para completar o diagnóstico ambiental que vem fazendo da região. Com os dados levantados em campo, a SAVE Brasil está avaliando a qualidade da biodiversidade através das aves, excelentes indicadores ecológicos que, juntamente com a flora, permitem classificar o estágio de conservação de cada fragmento e, com isso, recomendar estratégias para o manejo desses habitats. “Este diagnóstico conjunto permite o monitoramento da avifauna e da flora, e vai além, na indicação das áreas prioritárias para reflorestamento e conectividade de fragmentos, alinhados a sistemas agroflorestais, tornando o ecossistema mais biodiverso, atrativo e propício para a fauna silvestre. Não é apenas a flora e a fauna que ganham nessa equação, contudo, a prestação de serviços ecossistêmicos por ambientes naturais complexos trazem retorno econômico para a região”, conclui Albert Aguiar, ornitólogo e coordenador de projetos da SAVE-Brasil.
Sobre a PRETATERRA
Iniciativa que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos, desenvolvendo designs replicáveis e elásticos, combinando dados científicos, informações empíricas e conhecimentos tradicionais com inovações tecnológicas, construindo um novo paradigma produtivo que seja sustentável, resiliente e duradouro.
Na vanguarda da Agrofloresta, a PRETATERRA projetou, implementou e modelou economicamente o design agroflorestal que ganhou, em 2019, o primeiro lugar em Sustentabilidade do Prêmio Novo Agro, do Banco Santander e da ESALQ, com o case “Café dos Contos”, em Monte Sião (MG). Em 2018, a PRETATERRA ganhou o primeiro lugar em negócios inovadores no concurso de startups no Hackatown e, em 2020, a PRETATERRA esteve entre os finalistas do Prêmio Latinoamerica Verde, de startups e projetos inovadores em sustentabilidade da América Latina. A convite do Principe Charles e do Instituto Florestal Europeu, em 2021 a PRETATERRA passa a liderar a frente agroflorestal da Aliança da Bioeconomia Circular.
Para mais informações acesse www.pretaterra.com e acompanhe as redes sociais: LinkedIn, Instagram, Facebook, Twitter e Youtube.
Sobre a AES Brasil
Acelerando o futuro da energia há mais de 20 anos, a AES Brasil é uma empresa geradora a partir de fontes 100% renováveis, que atua como plataforma integrada adaptável às demandas dos clientes. As soluções oferecidas pela companhia são customizadas, sempre buscando agregar valor e contribuir para a sustentabilidade do planeta. Atualmente, a AES Brasil conta com um portfólio de ativos 100% renováveis com uma capacidade instalada total de 4,4 GW, sendo 2.658,4 MW hídrico, 1.435,9 MW eólico e 294,1 MW solar. Além disso, a Companhia possui em desenvolvimento parte de seu pipeline eólico e solar, ainda em negociação, que poderá adicionar até 1,5 GW de capacidade instalada. Após a finalização dos projetos em desenvolvimento e pertencentes ao pipeline, o portfólio da Companhia contará com 5,9 GW de capacidade instalada.
Sobre a SAVE Brasil
A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE
Brasil) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que tem um
foco especial na conservação das aves brasileiras. A SAVE Brasil faz parte da
aliança global da BirdLife International presente em mais de 100 países. No
Brasil, a BirdLife International iniciou um Programa em 2000 após identificar a
necessidade de ações imediatas em determinadas áreas para evitar a extinção de
espécies de aves criticamente ameaçadas. Foi criado então o Programa do Brasil
da BirdLife International, que mais tarde, em 2004, se consolidaria na Sociedade
para a Conservação das Aves do Brasil. Nossa missão é conservar as aves e os
ambientes, conectando as pessoas à natureza. Ao longo de 16 anos de existência
a SAVE Brasil conseguiu importantes resultados na conservação das aves
brasileiras: articulação para a criação de 9 unidades de conservação (184.509
hectares) em locais de elevada biodiversidade e a identificação e mapeamento de
237 IBAs (Important Birds and Biodiversity Areas) no Brasil. Hoje estamos em
nove estados brasileiros, com programas de conservação da biodiversidade e de
engajamento.
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