No Brasil, projeções iluminaram a noite alertando sobre a crise climática e o negacionismo do governo Bolsonaro
Acontece em 24 de setembro de 2021, no Brasil e no mundo, a Greve Global pelo Clima e, para alertar a todos sobre a emergência climática, o Fridays For Future Brasil, em parceria com o Greenpeace Brasil e a rede Projetemos, exibiu projeções simultâneas em cinco cidades brasileiras: Belém (PA), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Recife (PE) na noite da quinta-feira (23/09/2021). As projeções traziam mensagens como "A Crise Climática já é realidade", "Bolsonaro, Mentiroso Climático", "Crise Climática, realidade que mata" e "Amazônia ou Bolsonaro". Em Brasília, as projeções aconteceram em quatro pontos da cidade: Biblioteca Nacional, Praça dos Três Poderes, nas Cúpulas do Congresso Nacional e no Terminal Rodoviário.
O Brasil tem um papel fundamental no enfrentamento da crise do clima, que passa pelo fim do desmatamento da Amazônia, principal fonte de emissões de gases do efeito estufa. Somente no último mês de agosto, 918km² da Amazônia foram desmatados, segundo dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Diante de um governo negacionista, que aposta no retrocesso e reproduz lógicas coloniais de ameaça aos direitos constitucionais dos povos indígenas, à democracia e aos direitos civis, enquanto avança com um projeto de destruição do meio ambiente, o grito da juventude surge como resistência e esperança de um país com justiça socioambiental e climática.
"O chamado da juventude é uma grande oportunidade para que líderes mundiais e grandes empresas se inspirem e tomem decisões urgentes e efetivas para garantir um presente e um futuro mais justo e sustentável para todos. Não temos mais tempo para promessas que levarão 30 ou 50 anos para serem colocadas em prática. Precisamos de ações agora que garantam que já na próxima década não cheguemos ao aumento de 1,5º C na temperatura média do planeta, como alertaram os mais de 200 cientistas no último relatório do IPCC", declara Pamela Gopi, porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace.
No Brasil, alguns grupos de jovens optaram por manifestações presenciais, outros vão dedicar esforços às redes sociais, onde a pressão também é efetiva e faz eco através do uso das hashtags e da marcação acirrada em cima dos negacionistas e de todos os líderes de governo que agem como se a crise climática não fosse realidade. A juventude elegeu a hashtag "Descolonize o Sistema" como o principal chamado para a inversão dessa lógica em que populações tradicionais e o meio ambiente foram explorados durante séculos e que é urgente mudar. "Trouxemos essa tag como uma forma de mostrar que grande parte dos nossos problemas sociais e ambientais vem do processo de colonização que nosso país passou e segue reproduzindo, como a exploração excessiva dos recursos naturais, o racismo e a inferiorização e deslegitimação dos povos tradicionais e originários ou de outras matrizes. Além disso, reforçamos a necessidade de desconstruir pensamentos e ideias colonialistas que continuam enraizados na nossa sociedade", diz Daniel Holanda, ativista do Fridays For Future Brasil.
A Greve
Global pelo Clima é uma mobilização mundial que tem levado jovens às ruas em
apelo para que os governos adotem medidas urgentes para frear o aquecimento
global. As projeções trazem a mensagem dessa geração, que está farta de
mentiras e farão marcação cerrada em cima dos negacionistas como Bolsonaro, e
de todos os líderes de governo que agem como se a crise climática não fosse
realidade. A estimativa, segundo o Fridays For Future (Sextas-feiras pelo
Futuro, em português), que lidera o movimento, é que pelo menos 86 países
participem da mobilização. "Não podemos mais tolerar governantes
negacionistas liderando países. A juventude quer poder sonhar além dos próximos
dez anos e, por isso, semeia engajamento, conscientização e ação para que a
gente chegue em um mundo mais verde e justo para todos", conclui Pamela.
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