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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

COP26: TNC comenta primeiro draft da Conferência

 

Primeiro draft da COP26 traz boas promessas mas poucas metas, avalia TNC

Divulgado na quarta-feira (10/11/2021), o draft é um rascunho do texto final, e ainda não traz um plano de ação para a crise climática e sim compromissos para o futuro.

O texto deve passar por várias alterações até o fim da Conferência, nesta sexta (12), e embora não traga metas efetivas para manter o aquecimento global até 1,5oC, no máximo, em relação aos níveis pré-industriais, a carta traz o estímulo para que os países melhorem as metas estabelecidas em suas Contribuição Nacionalmente Determinada (NDCs, na sigla em inglês) já para 2022/2023.

A gerente para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira, está participando da Conferência do Clima em Glasgow (UK) e avalia que os avanços em relação ao uso fim do carvão e aos subsídios aos combustíveis fósseis são significativos, mas que faltam metas específicas para conter as mudanças climáticas com a urgência necessária.

"O texto é uma carta de compromisso para o futuro, não traz metas nem estratégias para resolver efetivamente a crise climática e embora tenha avanços, a falta de metas e compromissos concretos dificulta a solidez do Acordo de Paris. Se ficar só na boa intenção a gente não vai conseguir conter o aquecimento global e mantê-lo em dentro dos limites de 1,5oC. O relatório mais recente do IPCC, divulgado neste ano, nos mostrou claramente que se nada for feito em vamos ter um aumento de 1,8oC em alguns anos, podendo piorar até 2030. É muito difícil viver a base de intenções, sem compromissos e metas efetivamente assumidos", avaliou a executiva.

Alguns países já começaram a se movimentar neste sentindo, ainda nesta quarta-feira (10), Estados Unidos e China, principais emissores de gases de efeito estufa (GEE) oriundos dos combustíveis fósseis, anunciaram um plano conjunto para reduzir essas emissões. Entre as ações estão o compromisso de não importar produtos que contribuam com o desmatamento e alcançar 100% de eletricidade livre de carbono até 2035.

No que diz respeito aos combustíveis fósseis, a especialista destaca que é preciso observar as movimentações dos países desenvolvidos, especialmente os produtores de peróleo, nestes dias finais de COP26.

Financiamento

Na avaliação da gerente da TNC, o texto acolhe as discussões feitas até agora, mas não traz o senso de urgência necessário. Segundo Karen, é preciso maior pressão por aceleração ou formas de aumentar os recursos já anunciados, de US 100 bilhões para dos países desenvolvidos para conter o aquecimento global, que não são suficientes para aumentar a ambição climática dos países, o que, segundo ela, mostra a necessidade de se buscar mecanismos inovadores que assegurem o aumento desses financiamentos.

Salvaguardas ambientais

Existe ainda a expectativa que as salvaguardas para as comunidades indígenas e locais sejam incluídas dentro do Artigo 6 do Acordo de Paris, mas as negociações nesse sentido ainda estão em andamento e não há definição sobre o tema.

Além disso, os países insulares, que são os que mais sofrem com as mudanças climáticas, ainda não tiveram os pleitos atendidos. "Embora o tema esteja na carta, não há previsão de ajuda efetiva ou ações concretas para reparar as perdas danos sofridos por esses países por causa das alterações nos níveis dos mares, nem estratégias para minimizar esses danos no futuro", explicou Karen.

TNC

A The Nature Conservancy (TNC) é uma organização global de conservação ambiental dedicada à proteção das terras e águas das quais toda a vida depende. Guiada pela ciência, a TNC cria soluções locais inovadoras para os principais desafios do mundo, de forma que a natureza e as pessoas possam prosperar juntas. Trabalhando em 76 países, a organização utiliza uma abordagem colaborativa, que envolve comunidades locais, governos, setor privado e a sociedade civil. No Brasil, onde atua há mais de 30 anos, o trabalho da TNC concentra-se em solucionar os complexos desafios de conservação da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica a partir de uma abordagem sistêmica, com foco na implementação e geração de impacto, para mitigar as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.

Karen Oliveira

[IMGL rId10]Geóloga, Mestre em Planejamento Energético Ambiental e Doutora em Relações Internacionais, Na TNC Brasil é Gerente para Políticas Públicas e Relações Governamentais, coordena projetos de melhoria na compensação ambiental para áreas protegidas e comunidades tradicionais; a implementação de uma agenda de crescimento verde para reduzir o desmatamento no Pará; além de diversos estudos para desenvolvimento de infraestrutura sustentável na região amazônica. Sua experiência inclui trabalhos em Cooperação Internacional entre Brasil, África e América Latina em iniciativas relacionadas ao desenvolvimento sustentável da infraestrutura, promoção da agenda climática, gestão de unidades de conservação e fortalecimento da governança ambiental.

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