Norman de Paula Arruda Filho*
Os primeiros dias da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, que está sendo realizada na cidade escocesa de Glasgow, trouxeram um sentimento misto de esperança e cobrança. O cenário de calamidade se agrava ano após ano e a Cúpula de Líderes já demonstra um comprometimento maior do que tivemos na COP 25, realizada em Madrid, na Espanha, em 2019.
O senso de urgência, entoado no discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou sobre o aumento do nível do mar, que já dobrou nos últimos 30 anos, e a temperatura dos oceanos, que estão mais quentes do que nunca. Além disso, Guterres pontuou a importância das Florestas e o fato de que a Floresta Amazônica já emite mais carbono do que absorve.
A corrida por uma economia resiliente ao clima e zero emissões de CO2 (net zero) obteve o comprometimento de mais de 100 países, inclusive do Brasil, que assinou a Declaração sobre a proteção de floresta e uso da terra. O acordo para salvar e restaurar as florestas do planeta até 2030 é um passo importante para frear e reverter o desmatamento. Mas como somente boas intenções não bastam, o desafio agora é a sua implementação.
Já para o cumprimento dos seis princípios relacionados à agricultura e ao uso de terra sustentáveis que estão no Tratado, foi dito que os países terão apoio financeiro: USD 12 bilhões serão destinados pelas nações mais ricas e USD 7 bilhões pelo setor privado. A grande questão é: como a Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) irá fazer o rateio dos fundos? Especificamente para a América do Sul, foi anunciado o Financiamento Inovador para Amazônia, Cerrado e Chaco, com US﹩ 3 bilhões para a produção de soja e gado livre de desmatamento.
Promessas apenas não bastam. Os líderes de países em desenvolvimento cobram dos países desenvolvidos, que são os grandes responsáveis pelo aquecimento global, que cumpram com suas palavras. Em 2009 já havia a promessa que US﹩ 100 bilhões seriam oferecidos até 2020 para ajudar os países de terceiro mundo a lidarem com as consequências do aquecimento global - o que de fato não ocorreu.
Até o fim da COP 26 veremos se os discursos serão tirados do papel e se os países em desenvolvimento voltarão para casa com regras claras e definidas pelos financiadores. Os comprometimentos firmados nos discursos dos líderes mundiais foram lindos, nos encheram de esperança, mas agora o mundo precisa urgentemente da ação. Chega de promessas vazias. Há de se ter consciência coletiva sobre a responsabilidade pela sobrevivência e a qualidade de vida do planeta.
*Norman de Paula Arruda Filho: é Presidente do ISAE Escola
de Negócios. Em 2020, foi premiado como "Educador de Gestão Responsável do
Ano" pelo CEEMAN Champions Award.
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