Foto: Divulgação
No dia 16 de maio de 2012, no Auditório
Espaço da Cidadania André Franco Montoro, na sede da Secretaria da Justiça e da
Defesa da Cidadania, aconteceu o Encontro “A Medicalização em Crianças e
Adolescentes e o Uso de Drogas”, sendo o anfitrião do evento,
Dr.Luiz Alberto Chaves de Oliveira, Coordenador de Políticas sobre
Drogas, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, Órgão do Governo do
Estado de São Paulo, que mantém as relações institucionais com o Judiciário,
Ministério Público, Defensoria Pública e entidades ligadas à justiça, cidadania
e direitos humanos. Conhecida como a “Droga da Obediência”, a ritalina foi
debatida no evento. O Blog Companhia das Entrevistas teve a oportunidade de
conversar com o anfitrião do evento, acompanhe:
Blog: Podemos afirmar que a medicalização de crianças é um problema
social?
Dr.Luiz Alberto Chaves de Oliveira: A medicalização é conceituada
como um processo que transforma, artificialmente, questões não médicas em
problemas médicos. Problemas de diferentes ordens são apresentados como
“doenças”, “transtornos”, “distúrbios” que escamoteiam as grandes questões
políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. Acaba
havendo um excesso de uso de medicamentos que podem mais gerar danos que reais
soluções para os problemas detectados. Para crianças e adolescentes estes atos
são ainda mais graves por interferirem também com o desenvolvimento físico,
mental e social.
Blog: O transtorno de hiperatividade, tratado, especialmente, com ritalina, pode causar dependência química?
Dr.Luiz Alberto Chaves de Oliveira: O uso de medicamentos como é
o caso da ritalina é muitas vezes inadequado e pode provocar dependência da
mesma e também de outras drogas. Há estudos americanos que apontam 30% de
dependência que se iniciou com a Ritalina.
Blog: O comportamento "inadequado" e o desempenho ruim na
escola são suficientes para o aluno ser considerado apto a receber ritalina?
Dr.Luiz Alberto Chaves de Oliveira: A indicação de medicamentos
precisa ser adequada e criteriosa e sabemos que o uso da ritalina não tem
seguido estes critérios de tal forma que casos
de dificuldades ou inadequações ao ambiente escolar são medicalizados
antes de se tentar um diagnóstico mais preciso e sem buscar soluções mais
saudáveis.
Blog: Existe alguma alternativa para os "hiperativos",
que não seja o uso da ritalina?
Dr.Luiz Alberto Chaves de Oliveira: Em primeiro lugar temos que
qualificar e quantificar a "hiperatividade"! Muitas vezes são
crianças que, por limitações de espaço físico em suas casas, se mostram muito
ativas quando podem ter uma expansão saudável de suas energias represadas ou
ainda crianças perfeitamente normais que são mais expansivas e brincalhonas e
aparentam uma inadequação aos olhos de professores mais severos. A
hiperatividade não é uma patologia que precise ser medicada; precisamos de
muitos outros dados para se chegar a um diagnóstico de situação com consequente
orientações aos pais e professores.
Blog: Em relação ao encontro "A Medicalização em Crianças e
Adolescentes e o Uso de Drogas", qual é o principal fruto colhido desta
importante iniciativa?
Dr.Luiz Alberto Chaves de Oliveira: O Encontro realizado na
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania visou levar a questão para um
público mais amplo e que pudesse contribuir para esclarecer junto a população
as dificuldades que esta prática pode gerar. Convém notar que quando pensamos
em drogas acabamos nos esquecendo dos medicamentos com uso até incentivado por familiares
e profissionais e que podem gerar dependências futuras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário