O medicamento Imatinibe, que é utilizado contra leucemia mielóide crônica e tumores gastrointestinais, demonstrou ser eficaz contra a malária durante um ensaio clínico de fase 2. Quando somado à terapia habitual da doença parasitária, o fármaco eliminou o parasita Plasmodium em 90% dos pacientes em 48 horas e em 100% deles em um período de três dias.
O estudo sobre o medicamento foi publicado na quinta-feira (26), no periódico científico Journal of Experimental Medicine. Do grupo farmacêtico Novartis, a droga age bloqueando enzimas envolvidas no crescimento dos tumores cancerígenos, mas também é capaz de bloquear a propagação do Plasmodium.
Os pesquisadores notaram essa segunda função em culturas de células humanas. Então decidiram testar em voluntários o Imatinibe junto ao tratamento padrão, que consiste em uma combinação das drogas piperaquina e diidroartemisinina. Os testes ocorreram com pacientes da província de Quang Tri, no Vietnã, onde existem indícios de que o parasita da malária adquiriu resistência contra remédios.
Na pesquisa, foi possível observar que 33% dos pacientes tratados com a terapia padrão (sem o suplemento de Imatinibe) ainda apresentavam parasitas na corrente sanguínea após três dias. “As taxas de eliminação atrasadas são um precursor e um indicador da resistência potencial aos medicamentos, que tem sido um problema com a malária por décadas”, analisa Philip Low, líder do estudo, em comunicado.
Com isso, os cientistas acreditam que o Imatinibe possa ajudar a melhorar a terapia tradicional contra a malária. Os pacientes medicados com o novo tratamento tiveram um alívio de suas febres em menos da metade do tempo do que aqueles indivíduos que passaram apenas pelo tratamento padrão sem a droga.
O parasita da malária é transmitido pela picada de mosquitos, como o do gênero Anopheles. A doença infecta os glóbulos vermelhos do sangue e se reproduz, ativando uma enzima que desencadeia a ruptura da célula e a liberação de uma forma parasitária chamada merozoíta na corrente sanguínea.
O novo tratamento visa impedir a ação dessa enzima, o que ajuda na eficiência contra variantes do Plasmodium. "Como estamos visando uma enzima que pertence ao glóbulo vermelho, o parasita não pode sofrer mutação para desenvolver resistência – ele simplesmente não pode sofrer mutação nas proteínas de nossas células do sangue", explica Low.
O próximo passo da equipe é conseguir aprovação da agência
federal dos EUA, Food and Drug Administration (FDA), para a realização de uma
fase 3 de testes. "O FDA é tão amplamente respeitado em todo o mundo que,
se aprová-lo, quase todas as outras nações, especialmente os países em
desenvolvimento que sofrem de malária, adotarão [o tratamento]
rapidamente", diz o pesquisador.
Com informações da Galileu.
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