De cima para baixo: Saturno, Júpiter e a Lua. Imagem: Paulo S.
Bretones, via Stellarium
Nas noites de sexta-feira (20 de agosto de 2021) e domingo (22 de agosto de 2021), foi possível observar a Lua “próxima” de Saturno e Júpiter no céu. O fenômeno,
chamado conjunção, é observado a partir do horizonte leste, logo ao
anoitecer. Na primeira noite, nosso satélite natural esteve (por um efeito de
perspectiva para um observador da Terra) à direita de Saturno, na noite seguinte,
entre Saturno e Júpiter, e, na noite de 22 de agosto de 2021, um pouco abaixo de Júpiter.
Nessas noites tivemos fenômenos interessantes, que valeu a pena acompanhar. Esses planetas estiveram muito brilhantes contra o fundo do céu. No dia 19 de agosto de 2021, às 21h, Júpiter esteve em oposição, o que significa dizer, do lado oposto ao Sol (também do ponto de vista de um observador da Terra) como ocorreu com Saturno no início do mês, no dia 2 de agosto de 2021.
Considerando as órbitas dos dois planetas, nessa época eles ficam mais próximos da Terra. Um observador deve considerar que, quando o Sol se põe no oeste, às 17h52 no horário de São Paulo, Júpiter nasce no leste, quase no mesmo horário. Na noite do dia 22 a fase da Lua será Cheia, e ela também nasce no leste.
Também no começo dessa noite ( de 22 de agosto de 2021), no oeste, foi possível observar algo improvável no inverno: o planeta Vênus, também muito brilhante. Ele estará, por volta das 19h10, na mesma altura de Júpiter em relação ao horizonte.
A observação dessas passagens combinadas de Lua e planetas brilhantes como Júpiter e Saturno é importante na sensibilização e desenvolvimento de interesse pelos movimentos no céu, em especial para crianças que poderão desenvolver, desde cedo, atração pelos fenômenos celestes.
A partir dessas observações, mesmo adultos sensibilizados poderão conhecer referências sobre os movimentos, brilhos, distâncias e composições de cada um desses corpos. Júpiter e Saturno, por exemplo, são gigantes gasosos em cuja superfície um astronauta não poderia pousar. E essa não é a única limitação: radiação intensa também afetaria o corpo de um astronauta.
Vênus, ao contrário, é um mundo sólido, de porte parecido ao da Terra, mas também proibido para o pouso de um astronauta. Sua atmosfera é corrosiva, composta por ácido sulfúrico. A pressão atmosférica na superfície é capaz de esmagar uma nave e uma elevada temperatura, em torno de 400º C é outro risco mortal. Essas comparações são importantes para percebemos a Terra como o único oásis no céu onde sabemos, ao menos até agora, da existência de uma civilização em meio a uma quase infinita e fascinante variedade de formas de vida.
A Lua, sempre referida como satélite natural da Terra, tem porte três vezes e meia menor que a Terra e nas noites dessas conjunções estará a cerca de 375 mil quilômetros de nós. Muito mais distante, a cerca de 753 milhões de quilômetros, estará Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Ele é nada menos que 1.300 vezes maior que a Terra em volume, composto principalmente de hidrogênio, amônia e metano.
Saturno está a 1,5 bilhão de quilômetros, e é o segundo em tamanho. Vênus é quase uma irmã gêmea da Terra, em termos de tamanho, e nos próximos dias estará a uns 110 milhões de quilômetros. Nas condições agressivas desse mundo é possível que nenhuma forma de vida esteja presente, ainda que seja arriscado ser taxativo em casos como este.
Uma outra diferença: Vênus não tem uma Lua, ao contrário de Marte, que entre nossos dois vizinhos mais próximos é o único com duas, mas incomparáveis em relação à Lua da Terra. Batizadas de Fobos e Deimos (Deuses do Medo e Terror na mitologia grega), são duas pequenas “batatas cósmicas”, apagadas no céu marciano em comparação com o satélite da Terra.
Na verdade, os astrônomos consideram a Terra e a Lua como um sistema binário, ou um sistema planetário duplo. A lua da Terra é menor que muitas outras luas do Sistema Solar, incluindo aquelas que giram em torno de Júpiter e Saturno. Comparativamente ao planeta que orbita, no entanto, a lua da Terra é grande e isso leva os astrônomos a considerar esses dois mundos como um sistema binário.
Com um pequeno telescópio pode-se observar tanto crateras como montanhas na superfície da Lua. Telescópios, mesmo de pequeno porte, também mostram, como piolhos cósmicos, luas em Júpiter e os brilhantes e inconfundíveis anéis de Saturno. As temperaturas nesses mundos em torno dos grandes planetas do Sistema Solar costumam ser muito baixas, incomparáveis mesmo com as noites mais frias que atravessamos neste inverno.
A Lua é um caso extremo, ainda que também não seja o único: a parte iluminada do satélite da Terra chega a 120 °C, enquanto o lado oposto, fica a gélidos -150 °C. A Lua, certamente é o caso de lembrar, tem sempre a mesma face voltada para a Terra devido a uma razão gravitacional. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, e o que a banda inglesa Pink Floyd canta, não existe um “lado escuro” da Lua. Júpiter também é um mundo gélido e Saturno, mais distante do Sol, é ainda mais frio, sem comparação mesmo com a Antártida, o continente mais gelado da Terra.
Com informações do Olhar Digital.
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