Instituições de ensino têm utilizado o bilinguismo e o
biletramento para expandir o vocabulário das crianças
A ascensão tecnológica, a internet, as redes sociais, fóruns
e chats têm estreitado as relações com pessoas de lugares diferentes do mundo.
Facilmente é possível se comunicar com alguém que mora no Japão, na Europa, nos
Estados Unidos e em outras partes do globo. Essa aproximação dos povos e
culturas mudou a forma como a comunicação era pensada. Para entender e ser
entendido é preciso chegar em um denominador comum. Em um idioma que facilite
essas interlocuções.
Pensando na formação dos cidadãos que estarão nesse novo
futuro, algumas escolas inseriram em sua base curricular uma segunda língua.
Não apenas como uma simples disciplina, mas sendo utilizada na aprendizagem ao
lado do idioma materno. Esse processo de alfabetização simultâneo de duas línguas
é chamado de biletramento.
Bilinguismo x Biletramento
Há uma diferença de bilinguismo para biletramento. A
diretora da Escola Eleva Brasília, Isabella Sá, explica que bilíngue está
relacionado à fala e à escuta, quando os alunos conseguem pronunciar palavras
em outras línguas e também entender. O processo de biletramento faz parte da
escrita e leitura. "A proposta do biletramento da Eleva é ampliar o
repertório, encantar as crianças pela palavra escrita e, a partir daí,
estimulá-las para que elas comecem a escrever", comenta a educadora.
Além disso, uma segunda língua, é essencial nos dias de hoje
tanto para socialização quanto para o sucesso profissional. Lucas Garcia,
Coordenador Geral de Internacionalização e Bilinguismo da Blue School, explica
que somente 36% dos brasileiros têm fluência em inglês, segundo dados de 2019.
"Praticamente isso se traduz em que, se você tiver uma segunda língua de
proficiência, suas chances de ser contratado já estão na casa de 60%. Não é por
nada que pessoas fluentes, especialmente em inglês, chegam a ganhar até 60% a
mais que seus concorrentes sem tal destaque. Acho que os números falam por si
mesmos", aponta o coordenador.
Alfabetização em duas línguas
Algumas escolas do DF já adotam o letramento em dois
idiomas. É o caso da Eleva. Localizada na Asa Sul, a instituição forma alunos
com proficiência na língua inglesa, para que eles produzam textos e materiais a
nível acadêmico. O letramento ocorre simultaneamente nas duas línguas
(português e inglês), com os mesmos princípios metodológicos, mas respeitando
tempo de construção de repertório e as particularidades de cada língua.
"Sabemos que nossas crianças chegam à escola com um
repertório linguístico-cultural muito maior na sua língua materna. Por isso, ao
longo do Ensino Infantil, nossas aulas são majoritariamente em inglês (60%),
para que possamos ampliar o repertório das crianças nessa língua. No 1º ano do
Ensino Fundamental, temos a formalização da alfabetização em português; e no 2º
ano, já lendo e escrevendo com mais desenvoltura na língua materna, realizamos
a formalização da alfabetização em inglês", explica a diretora da Escola
Eleva Brasília, Isabella Sá.
Estudos da neurociência comprovam que as crianças ficam mais
inteligentes quando alfabetizadas em mais de uma língua, pois o córtex frontal
precisa fazer mais conexões, e esse exercício "engrossa" a massa
cinzenta. Outro benefício do bilinguismo é o desenvolvimento de um cérebro
bilíngue: dada a frequência em que o cérebro humano transfere o que aprende em
uma língua para outra língua, ele acaba construindo dois núcleos gramaticais
integrados em vez de blocos separados, facilitando a troca e a fluência dos
conhecimentos em ambas as línguas. Esses são apenas alguns dos benefícios de
uma imersão no ambiente bilingue desde cedo.
Inglês, espanhol ou mandarim?
Quando se fala na alfabetização em outra língua, a primeira
que vem à cabeça é o inglês. A Língua Inglesa já é considerada língua franca
por ser a mais amplamente falada no mundo. Quase 90% dos artigos científicos
mais relevantes da atualidade são publicados primeiro em Língua Inglesa, e o
mesmo pode se dizer das inovações tecnológicas deles advindas."O inglês é
a língua acadêmica oficial. Por isso é importante introduzirmos o idioma desde
o ensino infantil para que as crianças possam também explorar textos
científicos e livros na língua inglesa e no futuro prestar vestibulares de
universidades conceituadas nos Estados Unidos e Europa", reforça Isabella
Sá.
Mas existem outras possibilidades que abrem portas
importantes. No Brasil, por exemplo, há uma enorme necessidade de pessoas
proficientes em mandarim, a língua mais falada no mundo em termos numéricos
brutos. "A China é a maior parceira comercial do Brasil, sendo responsável
sozinha por aproximadamente 30% das exportações brasileiras. Em terceiro lugar,
por estarmos rodeados por países que falam espanhol, dependendo da empresa e da
vaga, este também pode ser um diferencial", destaca o coordenador da Blue
School.
"O fato é: seja ela espanhol, mandarim ou inglês, a
segunda língua abre horizontes. Não tê-la ou não dedicar-se a adquiri-la é
omitir-se gravemente diante das mudanças radicais nas relações interpessoais e
trabalhistas da atualidade", finaliza o especialista.
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