Brasil e União Europeia discutem medidas para desenvolver a agroecologia
e a agricultura orgânica
Objetivo do seminário
internacional é implementar a rede global sobre agricultura orgânica e
segurança alimentar, que permitirá a troca de experiências entre os
pesquisadores brasileiros e dos países do bloco europeu. Para secretário do
MCTIC, é preciso agregar conhecimento e competitividade ao setor.
Brasília, 25 de agosto de 2016
O
secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, Edward Madureira,
participou do seminário realizado no MCTIC.
Crédito:
Ascom/MCTIC
A cooperação
internacional e em rede vai impulsionar a agroecologia e a agricultura
orgânica. A declaração foi feita pelo secretário de Ciência e Tecnologia para
Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC), Edward Madureira, na abertura do seminário, realizado nesta
quarta-feira (24), para discutir a Plataforma Tecnológica de Agroecologia,
Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar. A ferramenta é um dos projetos do
MCTIC aprovados na 8ª convocatória do programa Diálogos Setoriais entre Brasil
e União Europeia.
A
realização do seminário é uma das ações para a estruturação da plataforma. O
evento contou com a participação de representantes do Brasil e da Europa, que
compartilharam experiências em agroecologia e produção orgânica de alimentos.
Edward Madureira destacou que agregar ciência e tecnologia ao setor vai fazer a
diferença. "A agricultura familiar e orgânica tem de ser um negócio e
lucrativo. Precisamos centrar nossas forças para agregar conhecimento e competitividade
a esse setor."
Plataforma
O diretor
do Departamento de Ações Regionais para Inclusão Social do MCTIC, Osório
Coelho, ressaltou que o objetivo do seminário é compartilhar práticas
desenvolvidas na Europa em agroecologia e, com isso, estreitar as relações
entre os países. "Todas essas boas práticas vão fazer parte de uma grande
plataforma de conhecimento", acrescenta.
As
informações serão compartilhadas por meio da NutriSSAN, uma plataforma
tecnológica que vai reunir pesquisadores de vários países em uma rede global
voltada para a nutrição e a segurança alimentar. A ferramenta está sendo
desenvolvida por meio de parceria do MCTIC e a Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa (RNP) com apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO).
Um dos
palestrantes, o ecologista e agrônomo belga Alain Peeter, relatou a experiência
em agroecologia desenvolvida em três fazendas, duas na França e uma na Bélgica.
Em sua apresentação, ele destacou as técnicas utilizadas e os resultados
obtidos nesses três diferentes sistemas.
Segundo
Peeter, investir em agroecologia é estratégico já que os custos são mais
baixos, porque exigem menos investimentos em tecnologia, pesticidas e
combustíveis. Além disso, os produtos têm mais qualidade, são saudáveis, e o
preço de venda é mais elevado. "Temos de dar uma chance à biodiversidade e
evitar o uso de pesticidas. Nem tudo na natureza é bom para o ser humano. Mas a
maioria é", concluiu.
O deputado
distrital Joe Valle, que é produtor de orgânicos há 20 anos, mostrou
indicadores sobre agricultura orgânica no Distrito Federal. Segundo ele,
Brasília é referência nesse tipo de agricultura no país, com a produção anual
de 7,5 toneladas de hortifrutis e 180 mil consumidores. Ele cobrou
investimentos na formação de técnicos e em pesquisas. "Falta conhecimento
na área para ajudar o produtor. A cadeia de insumos também é um gargalo. É um
desafio encontrar insumos orgânicos nas lojas."
O diretor
do programa Diálogos Setoriais, Marcelo Barbosa, disse que o projeto da
plataforma tecnológica é valioso por conectar pesquisa, produção,
desenvolvimento e distribuição de alimentos orgânicos e ecológicos. Além disso,
a plataforma permite a junção de duas realidades distintas do país – a academia
e os pequenos produtores. Ele também destacou a participação do MCTIC no Diálogos
Setoriais. Somente na última convocatória do programa, o ministério apresentou
13 das 71 ações aprovadas pelo Ministério do Planejamento.
O
representante da delegação da União Europeia no Brasil, Asier Santillan,
apontou que a política agrícola é essencial e une os países integrantes do
projeto. "Trabalhar na troca de experiência em agroecologia e agricultura
orgânica é fundamental para as duas partes e a plataforma tecnológica vai
permitir, inclusive, que essas experiências extrapolem fronteiras."
Fonte: MCTIC