Sobrevoo do Greenpeace Brasil em 2020 em fazenda na Amazônia © Christian Braga / Greenpeace
O boicote é resultado da ligação direta de frigoríficos do Brasil com violações ambientais e registro de propriedade irregular.
Manaus, 22 de dezembro de 2021 - Varejistas da União Europeia anunciaram na quarta-feira (15) que deixarão de comprar carne bovina do Brasil pela relação direta com o desmatamento na Amazônia. O boicote aponta que o mercado internacional não quer mais consumir produtos ligados com a destruição das florestas. Segundo um levantamento feito pelo Greenpeace Brasil, grandes frigoríficos do país, como JBS e Frigol, compraram gado de forma direta ou indireta, de fazendas com desmatamento ilegal localizadas em áreas públicas federais e suspeitas de grilagem.
"O sinal está mais do que claro, não há mais espaço para desmatamento na Amazônia. A COP 26 evidenciou que a crise climática é uma realidade e que para contê-la será necessária a união de diversos esforços em diferentes países. Se por um lado os frigoríficos se omitem em tomar as decisões necessárias para frear práticas ilegais na sua cadeia de custódia, por outro, parlamentares europeus, varejistas e consumidores mostram a importância de seu papel e iniciam um movimento de basta. Basta de desmatamento na Amazônia. Esperamos que em um futuro muito próximo esse tipo de atitude seja seguido pelo mercado interno brasileiro", afirma André Freitas, gerente da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
O levantamento ainda aponta que a apropriação ilegal de terra pode aumentar na Amazônia e elevar o desmatamento em curso caso sejam aprovados pelo Senado alguns dos projetos de Lei conhecidos como PL da Grilagem (PL 2633/2020 e PL 510/2021) e PL do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021), conhecido como o PL da Boiada. Esta é a terceira manifestação europeia - em menos de duas semanas -, contra o desmatamento na Amazônia.
No início de novembro, a eurodeputada Anna Cavazzini,
vice-Presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com o
Brasil, enviou uma carta endereçada ao presidente do senado Rodrigo Pacheco, e
também para os senadores Jaques Wagner e Acir Gurgacz, manifestando a sua
preocupação com a possibilidade de aprovação dos PLs. Além disso, no início
desta semana, foi a vez de 31 membros do parlamento dinamarquês de, cinco
diferentes, partidos enviarem uma carta novamente ao presidente do Senado brasileiro
manifestando preocupação com a disparada do desmatamento e das emissões de
gases na atmosfera.
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