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Os nove vetos da presidente Dilma Rousseff ao Código
Florestal aprovado pelo Congresso Nacional em setembro, foram publicados na
edição de 18 de outubro de 2012 do Diário Oficial da União. E para conversar
sobre este assunto contamos com Alexandre Conceição da Coordenação Nacional do
MST e da Via Campesina.
Blog: Em relação à flexibilização para a recuperação de áreas de
preservação permanente (APPs) nas margens de rios. Foi retirado do texto pela
presidenta, como o MST observa esta ação dela?
Alexandre Conceição: O enfrentamento ao modelo de agronegócio que está se
consolidando no Brasil, está em seu estágio inicial. A retirada da
flexibilização colocada pelos ruralistas indica que o governo prevê a sensata
garantia de promover a proteção ao meio ambiente, não o submetendo os interesses
capitalistas do agronegócio.
Blog: A chamada regra da "escadinha", que prevê
obrigações de recuperação maiores para grandes proprietários rurais, foi
devolvida à lei por decreto presidencial, no contexto ambiental, podemos
considerar este decreto como algo agradável?
Alexandre Conceição: Vetos sancionados pela presidenta Dilma foi importante no
sentido de barrar os interesses do agronegócio. Eles sinalizam também que a
mobilização social promovida para pressionar o governo mostrou que somente a
luta e a organização do povo é capaz de promover mudanças.
Blog: É salutar que os produtores rurais terão que recompor
entre 5 e 100m de vegetação nativa das APPs nas margens dos rios, dependendo
do tamanho da propriedade e da largura dos rios que cortam os imóveis rurais?
Alexandre Conceição: Podemos considerar que os vetos atenderam uma grande parte
das reivindicações da sociedade, que teve o intuito de garantir a proteção ao
meio ambiente e garantir a soberania à democracia deste país, cuja idoneidade
se matinha sob ameaça do agronegócio. No entanto, no aspecto que toca a
preservação ainda ficaram algumas coisas soltas, como a ausência de recuperação
de matas em nascentes e a estadualização da definição do tamanho máximo a ser
recuperado. Isso significa que temos muito o que avançar na luta contra o
modelo desenvolvimento que vem se impondo no campo.
Blog: A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira afirmou
que a inclusão social no campo em torno dos direitos dos pequenos agricultores
serão assegurados após a ação da presidenta em relação ao código florestal, no
que diz respeito ao publicado no diário oficial de 18 de outubro de 2012, é
verdade que poderá haver mais inclusão social a partir dos vetos?
Alexandre Conceição: Os vetos sancionados pela presidenta são insuficientes para
que se promova de fato mudanças no cenário politico do campo brasileiro. Isso
por que o agronegócio permanece se consolidando seu poder político e econômico.
Mas, por outro lado os vetos se configuram principalmente como uma sinalização
de enfrentamento por parte do governo a esse modelo.