1.
O que
é o novo ensino médio?
O novo ensino médio é uma
proposta de reformulação da última etapa da educação básica apresentada ao
Congresso Nacional em setembro de 2016 como Medida Provisória nº 746/2016 e
publicada como Lei nº 13.415/2017. Trata-se da maior mudança ocorrida na
educação brasileira nos últimos anos desde 1996, após a Lei das Diretrizes e
Bases da Educação. É um modelo de aprendizagem focada na formação de cidadãos e
no desenvolvimento de competências e habilidades, com disciplinas integradas em
quatro áreas do conhecimento que possibilita que os alunos escolham itinerários
formativos de acordo com áreas de seu interesse e projetos de vida e de
carreira.
O Novo Ensino Médio propõe uma
reforma matriz de referência curricular
dos alunos do 1º, 2º e 3º ano dessa etapa escolar. A Lei nº 13.415/2017,
que institui as alterações, estabelece maior integração e flexibilidade
curricular e a oferta de itinerários formativos. As redes de ensino pública e
privada têm até 2022 para começar a implementar o modelo. Um processo que exige
coordenação e sensibilização de toda a comunidade escolar.
São cinco itinerários que a
escola pode ofertar – entre eles, o de formação técnica e profissional – e os
alunos escolherão qual cursar de acordo com as áreas de seu interesse e projetos de vida e de carreira. Escolas de ensino
médio de todo o Brasil enfrentam o desafio de implementar as novas diretrizes
curriculares nacionais. A adaptação das escolas começou em 2018 e será
realizada de forma gradativa.
Mais de 70 escolas do Serviço
Social da Indústria (SESI), em 22 estados, já estão integradas às novas regras.
Para a oferta do itinerário V, de formação técnica profissional, o SESI conta
com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), como
forma de conectar educação com mercado de trabalho. Conheça o programa.
2.
O que
muda com o Novo Ensino Médio?
As principais mudanças do Novo
Ensino Médio são o aumento da carga horária dos estudantes, a adoção de uma
base comum curricular e a escolha dos itinerários formativos.
3.
Como
será a estrutura curricular?
A lei estabelece a BNCC e os
itinerários formativos, formados por quatro áreas de conhecimento - Linguagens
e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas
Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. E acrescenta um quinto
itinerário, de Formação Técnica e Profissional (FTP).
Na nova estrutura, a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que terá até 1.800 horas de carga horária,
contempla habilidades e competências relacionadas às 04 áreas do conhecimento a
saber: Linguagens, Matemática, Ciencias da Natureza e Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas .
O restante da carga horária, no
mínimo 1.200 horas, são flexíveis e ficarão reservados para os itinerários
formativos. No início do ensino médio, os estudantes terão que escolher um dos
itinerários. São eles: Matemáticas e suas Tecnologias; Linguagens e suas
Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas; e Formação Técnica e Profissional.
As mudanças buscam proporcionar
aos alunos a oportunidade de focar nos próprios interesses e prioridades, no
que é essencial para exercer sua vocação e seguir o caminho profissional depois
da escola. Com o Novo Ensino Médio, pretende-se desenvolver nos estudantes
habilidades socioemocionais e autonomia para eles definirem um projeto de vida
e de carreira.
4.
Como
será a carga horária do novo ensino médio?
A carga horária de aulas também
sofrerá modificações que deverão ser implementadas até 2022. As escolas terão
cinco anos desde a publicação da Lei para ampliar a carga para mil horas
anuais, que deverão ser divididas em 200 dias letivos.
De maneira progressiva, todas as
escolas de ensino médio passarão a ter ensino em tempo integral. Essa mudança
foi motivada pela Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino
Médio em Tempo Integral do Governo Federal, a qual prevê o repasse de R$ 1,5
bilhão, ao longo de dois anos, para a conclusão da implementação.
SESI e SENAI ampliam alcance do
novo formato e do itinerário de formação profissional. Mais de 10 mil alunos da
rede estudam no modelo inovador
5.
Quais
são os itinerários formativos do novo ensino médio?
Os cinco itinerários consistem em
um conjunto de unidades curriculares/competências e habilidades ofertadas pelas
escolas e redes de ensino que possibilitam ao estudante aprofundar seus
conhecimentos em uma determinada área e se preparar para a continuidade dos
estudos ou para o mundo do trabalho.
Os itinerários são ofertados por
área de conhecimento (Matemáticas, Linguagens, Ciência da Natureza e Ciências
Humanas e Sociais) e formação técnica e profissional, podendo os estudantes
cursar um ou mais, de forma concomitante ou sequencial.
Outra característica do modelo é
que as redes de ensino têm autonomia para definir os itinerários oferecidos,
considerando suas particularidades e os anseios de professores e estudantes.
Entretanto, cada escola deverá oferecer obrigatoriamente pelo menos duas opções
de itinerários formativos.
6.
Quais
são as novas matérias do Ensino Médio?
Com a nova grade, o currículo do
Ensino Médio é organizado por áreas de conhecimento e não por disciplinas,
incluindo a formação técnica e profissional. Na nova estrutura, até 1.800 horas
da carga horária contemplam habilidades e competências relacionadas às 04 áreas
do conhecimento a saber: Linguagens, Matemática, Ciencias da Natureza e
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. E, no mínimo, 1.200 horas são flexíveis e
ficarão reservados para os itinerários formativos.
No início do ensino médio, os
estudantes terão que escolher um dos itinerários. São eles: Matemáticas e suas
Tecnologias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas
Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Formação Técnica e
Profissional.
7.
Por que
reestruturar o ensino médio?
A proposta do Novo Ensino Médio
surgiu após a percepção de uma estagnação dos índices de desempenho dos
estudantes brasileiros. Além disso, entre as etapas da educação básica, o
ensino médio é a que tem as maiores taxas de abandono, reprovação e distorção idade-série
(atraso escolar de dois anos ou mais).
Foram muitas as justificativas
para reformular a última etapa da educação básica: um ensino de baixa
qualidade, generalista, com número excessivo de disciplinas, alto índice de
evasão e de reprovação e distante das necessidades dos estudantes e dos problemas
do mundo contemporâneo. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica
2020, apenas 65,1% dos brasileiros concluíram o Ensino Médio na idade esperada,
até os 19 anos – percentual que chega a 51,2% entre os mais pobres. E 12% dos
brasileiros com idades entre 15 e 17 anos estão fora das salas de aula.
A escola precisa, portanto,
conversar com a realidade atual, promover um ensino alinhado com as
necessidades dos estudantes e os preparar para viverem em sociedade e
enfrentarem os desafios de um mercado de trabalho dinâmico.
8.
O que
muda para os professores do novo ensino médio?
Haverá mudanças também para os
profissionais da educação, que deverão planejar e realizar as aulas de maneira
integrada entre as diferentes /áreas de conhecimento/ disciplinas. Para o
itinerário de Formação Profissional e Técnica, é permitida a atuação de
profissionais com notório saber, reconhecidos pelos respectivos sistemas de
ensino para ministrar conteúdos relacionados a sua experiência profissional. Um
engenheiro poderá dar aula no curso técnico de Edificações, por exemplo.
Maior flexibilidade no currículo,
conteúdo integrado em áreas do conhecimento e a oferta de itinerários
formativos, que permitem ao estudante se aprofundar nos campos com os quais
mais se identifica. De acordo com a legislação, até o início de 2022, todas as
escolas da rede pública e privada deverão ter começado a transição.
9.
Quais
os benefícios do novo ensino médio?
A implementação do novo ensino
médio traz benefícios para alunos e professores. Primeiramente, e destacado
como ponto principal, é que será possível disponibilizar mais tempo para os
estudantes aprofundarem em conhecimentos específicos que vão agregar e são
importantes para o futuro profissional que cada um escolher.
O Novo Ensino Médio contribui
ainda com o desenvolvimento do projeto de vida e carreira dos alunos, já que as
escolas deverão priorizar atividades que promovam a cooperação, a resolução de
problemas, o desenvolvimento de ideias, o entendimento de novas tecnologias, o
pensamento crítico, a compreensão e o respeito. Apesar de serem premissas
importantes na formação de qualquer cidadão e profissional, não são de
aplicação obrigatória no modelo antigo de ensino. Outro benefício da nova
metodologia é o de proporcionar menos aulas expositivas e focar mais em
projetos, oficinas, cursos e atividades práticas e significativas. É o que o
SESI vem aplicando em suas escolas parceiras.
Um relatório de percepção de
estudantes em escolas piloto do SESI que já tiveram o Novo Ensino Médio
aplicado em parceria com o SENAI, mostra ampla satisfação com o novo modelo. Uma
pesquisa feita e publicada pela CNI aponta que nove, em cada dez alunos
participantes do projeto piloto, estão satisfeitos com a experiência. Na
percepção desses alunos, a experiência do Novo Ensino Médio é positiva em todos
os aspectos analisados.
Para os professores, a mudança
mais significativa que o novo modelo traz é a abertura de leque de
possibilidades em relação à contratação, com a inclusão dos profissionais de
notório saber para o itinerário de formação profissional e técnica.
10.
Quando
entra em vigor o Novo Ensino Médio?
Embora algumas escolas já estejam
adaptadas com as matrizes de referência de curricular do Novo Ensino Médio, as mudanças são
obrigatórias para todas as redes de ensino, públicas e privadas, em 2022.
11.
O que
muda na rotina das escolas?
Com o Novo Ensino Médio, a
educação maker, conceito que foca na aprendizagem por meio de atividades e
soluções práticas (o famoso “mão na massa”) aliadas à inovação, à criatividade,
à sustentabilidade e à autonomia, ganha ainda mais força.
A matriz de referência curricular
pode ser organizada por disciplina ou por área de conhecimento e temos a oferta
de cinco itinerários. A carga horária de
ensino também sofrerá alteração e, de maneira progressiva, todas as escolas de
ensino médio passarão a ter ensino integral .
12.
O que
é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?
Segundo o Ministério da Educação
(MEC), a BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
aperfeiçoar ao longo das etapas da Educação Básica.
A BNCC pretende promover a
elevação da qualidade do ensino no país por meio de uma referência comum
obrigatória para todas as escolas de educação básica, respeitando a autonomia
assegurada pela Constituição aos entes federados e às escolas.
13.
O que
é a LDB e o que mudou em 2020?
A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) define e regulariza a organização da educação brasileira com
base nos princípios presentes na Constituição. Trata-se de uma lei constantemente
atualizada.
No primeiro semestre de 2020, com
a pandemia da Covid-19, foi publicada a Medida Provisória nº 934, que dispõe
sobre a quantidade de dias letivos para a educação básica e ensino superior. A MP dispensou a
obrigatoriedade de 200 dias letivos descrita na LDB. O Decreto, entretanto,
deixa explícita a obrigatoriedade da carga horária mínima atual para
estabelecida nos dispositivos da Lei º 9.394, ou seja, 800h ainda devem ser
cumpridas.
14.
Novo
Ensino Médio e ENEM: o que muda?
O Novo Ensino Médio estabelece
uma formação geral básica articulada com a parte específica escolhida, o
itinerário formativo. Assim como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), é
organizado em competências e habilidades. As disciplinas, em vez de serem avaliadas
de maneira isolada, são integradas. O foco dessa estrutura, presente no Novo
Ensino Médio e no Enem, é desenvolver a capacidade de aplicar os conhecimentos
em diversos contextos.
Assim, o aluno demonstra o que
aprendeu nas formas escrita e oral, prática e teórica, sempre ampliando o
pensamento para responder aos desafios diante de uma decisão a ser tomada. A
formação geral do aluno nas áreas de linguagens, matemática, ciências da
natureza e ciências humanas e sociais aplicadas, prevista na BNCC, e o maior
engajamento do estudante com o conteúdo do itinerário escolhido serão muito
importantes em avaliações como o Enem.
Outra novidade para os alunos das
próximas turmas de ensino médio é o Enem Seriado. O conteúdo das provas será
readaptado à nova matriz de referência
curricular, e as provas serão aplicadas em três fases. A mudança é o
modo de avaliação, isto é, enquanto o Enem é aplicado no último ano do Ensino
Médio, o Enem Seriado será realizado nos três últimos anos do ensino básico.
15.
O que
muda na educação do Brasil?
Pesquisa do Todos Pela Educação
mostra que muitos jovens sequer chegam ao Ensino Médio e a taxa líquida de
matrícula é de apenas 62%. Entre os que estão matriculados na etapa, a taxa de
conclusão é baixa e a aprendizagem está muito aquém do esperado.
Este ciclo da educação brasileira
é distante da realidade dos jovens, pouco atraente e sem flexibilidade para os
interesses dos alunos. O ensino técnico e profissional é pouco acessado, assim
como o Ensino Superior após o Ensino Médio, que fica restrito a uma pequena
parte da população. Por esses motivos foi considerada essencial a implementação
de um novo modelo que torne o Ensino Médio mais atraente e aderente à realidade
do século XIX. As mudanças da educação do Brasil buscam resultados na conexão
dos jovens ao que é ofertado no ensino e maior inserção desses jovens ao
mercado de trabalho.
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