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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

22. Mara Régia / Mercado de Trabalho / Publicitária e Jornalista /

O Blog “Companhia das Entrevistas” teve a honra de entrevistar uma mulher que faz história na comunicação, com vocês a Mara Régia.

Blog: Qual a sua experiência na área de comunicação?

Mara Régia: Minha formação na UNB, é tanto em jornalismo quanto em publicidade, a publicidade chegou primeiro na minha vida, eu sou publicitária antes de ser jornalista. Já fui professora universitária pelo IESB, pelo UNICEUB. Desde 1990 eu desenvolvo projetos para capacitação do uso do rádio nos temas ligados à cidadania com ênfase em gênero e meio ambiente e há 30 anos apresento o programa “Viva Maria” e há 18 o programa “Natureza Viva” pela Rádio Nacional da Amazônia, que é um projeto de educação ambiental voltado para os povos das florestas, então por toda esta atuação, seja no campo do rádiojornalismo, enfim, da cidadania, eu recebi o diploma “Jornalista Amigo da Criança” concebido pela ANDI, que a Agência de Notícias dos Direitos da Infância, fui finalista do “Prêmio Ayrton Senna” nas Edições de 2000 e 2001, “Prêmio Claudio” em 2003 e sou cidadão honorário de Brasília em reconhecimento ao trabalho pela cidadania das mulheres. Em 2005, eu fui indicada pelo “Projeto Mil Mulheres” ao Nobel da Paz, e em 2006, eu consegui minha segunda certidão de nascimento, que foi o primeiro lugar no ”Prêmio Chico Mendes” na categoria Arte e Cultura”, então em linhas gerais, esta é a minha vida.

Blog: E a sua experiência no mercado de trabalho, há quanto tempo você está inserida?

Mara Régia: No mercado de trabalho em si, eu comecei como todas as moças da minha idade, eu nasci em 1951, tenho 60 anos, então naquela época era quase obrigatório você ser professora, então, eu nasci no Rio de Janeiro, sou carioca, estudei no Instituto de Educação e fiz concurso público aos 17 anos e fui professora do Estado da Guanabara, na época não era Rio de Janeiro, eu trabalhei no Morro dos Prazeres, comecei a trabalhar com comunidades carentes. Agora, mercado de trabalho, saiu daí sempre foi muito difícil, mesmo no jornalismo, o rádio me abrigou por muito tempo, mas é sempre muito sofrido, essa questão de você conquistar o seu lugar ao sol.

Blog: No ambiente de trabalho, como é a convivência com gênero masculino? há respeito mútuo?



Mara Régia: Eu acho que o respeito, ele se impõe pelo seu desempenho, pela sua postura, pela sua atitude diante da vida, não é só diante da questão profissional. Agora, desde que eu comecei no jornalismo sempre houve provocação, se você é muito jovem, muito bonita, você tem segundas intenções por parte das chefias e quase sempre incasteladas em figuras masculinas, e depois, você por levantar uma bandeira como eu,que sou feminista há muito tempo, por que sempre lutei pelos direitos das mulheres, de início eu tinha 8 anos quando eu jurei que ao crescer eu ia fazer alguma coisa para as mulheres não apanharem, por que eu tinha relações domésticas muito perversas, meu pai era uma pessoa muito machista e até agredia fisicamente a minha mãe, então eu tenho esta reflexão de longa data na minha vida, então foi sempre muito evidente em mim o desejo de lutar por políticas públicas que pudessem dar um basta nesta que hoje mais do que nunca a gente até festeja a Lei Maria da Penha, que foi um sonho acalentado por muitos anos, e é isso, sonha que se sonha junto é realidade.

Blog: Na sua opinião, o que faz com que uma mulher exerça um cargo de liderança numa empresa?


Mara Régia: Depende da empresa. Eu acho que na verdade a competência sempre norteia assenção e queda de uma pessoa no ponto de vista profissional nas empresas particulares principalmente, agora existem empresas, por exemplo, antes da EBC ser uma empresa pública, quando ela era uma empresa de governo, quanto RádioBras, funcionava muito trânsito político, então as pessoas muitas vezes se incastelavam em chefias, editorias e etc, por que eram protegidas politicamente, ou eram mulheres de algum grande comandante da Esplanada dos Ministérios, e isso infelizmente ainda existe, com menos freqüência. Hoje você tem uma imprensa mais livre, mas no tempo da ditadura, que foi quando começei , nossa mãe, isso era, muito freqüente.


Blog: Em relação à independência da mulher na evolução dos tempos, desde a evolução do século XX, até certo ponto nos mostra que o mercado de trabalho está mais composto por vocês?

Mara Régia: Claro, na verdade as mulheres sempre estudaram mais que os homens, e a gente em meados do século XX, eu nasci nesta época, a partir de 75, a ONU declara a década da mulher, então de 75 a 85 houve um reconhecimento do pensar políticas para tirar essas diferenças, e na verdade a gente aqui e ali começou a avançar, Simone escreveu o segundo sexo, aqui no Brasil Rose trousse as idéias de Beth que chegou a queimar sutiãs no ato libertário, hoje não é preciso mais você queimar sutiã, mas é preciso que você diga para as mulheres: ligue 180, defenda-se”, sabe, você não é obrigada a apanhar . A independência da mulher ainda está muito longe do que a gente merece, mais já avançamos alguma coisa, mas o mercado de trabalho tem um fenômeno que vale uma reflexão, quando a gente entrou no mercado como professora, não tardou ao salário despencar, por que quando os homens eram professores eram muito valorizados, bastou que nós entrássemos para que o salário decaíssem, a mesma coisa, o mesmo fenômeno acontece em outras profissões aonde nós somos a maioria, inclusive o jornalismo.