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sexta-feira, 9 de abril de 2021

Entrevista com Eduardo Villela, book advisor e especialista do mercado editoria

                      Imagem: acesso cultural

No Dia Nacional da Biblioteca, espaço democrático de leitura, com acesso livre aos livros, o assunto é impostos sobre os livros, com Eduardo Villela, Book Advisor e assessora pessoas, famílias e empresas na escrita e publicação de seus livros. Trabalha com escrita e publicação de livros desde 2004 e já lançou mais de 600 títulos de variados temas, entre eles comportamento e psicologia, gestão, negócios, universitários, técnicos, ciências humanas, interesse geral, biografias/autobiografias, livros de família e ficção infantojuvenil e adulta.

Boa leitura.

Blog - Tributar os livros com uma alíquota de 12% com a aprovação do PL 3887/2020 é uma boa ideia?

Eduardo Villela - Não é uma boa ideia, se isso acontecer vai ter um impacto muito negativo na educação e na cultura do País. Vamos lembrar que o livro é uma das principais ferramentas de desenvolvimento de um ser humano, ele contribui para a formação de um pensamento crítico, na ampliação da nossa visão de mundo. É por meio deles que nós aprendemos a pensar. É uma ferramenta importantíssima para o nosso desenvolvimento cognitivo e entendimento do mundo ao nosso redor. Todos nós brasileiros só temos a perder se esse projeto de tributação dos livros em 12% for aprovado. O acesso à leitura vai ser dificultado por razões simples: o livro vai se tornar mais caro porque as livrarias e as editoras vão ter que repassar esse tributo no preço final.

Blog - No país que o livro é caro existe a tendência de diminuir a quantidade de leitores?

Eduardo Villela - Se aprovada essa tributação de 12%, na minha opinião vai diminuir sim o acesso aos livros. Isso em todas as classes sociais. O livro ficando mais caro limita o acesso da sociedade como um todo. Por exemplo, nos países europeus as taxas de leituras são altíssimas, pois é uma cultura que entende o livro como um item importante e de primeira necessidade. No Brasil, o hábito de leitura está em processo de construção, isso leva tempo e depende muito da qualidade de ensino, principalmente da rede pública de educação que é o um meio importante para esse processo de incentivo à leitura.

Blog - A afirmação de que pobre não gosta de leitura serve como argumento para taxar mais impostos nos livros?

Eduardo Villela - É um equívoco dizer que pobre não gosta de leitura. É um completo absurdo. O que acontece é que a maioria das crianças e jovens que estão em idade escolar, geralmente estudam na rede pública de ensino, sendo que são duas as instituições que são capazes de inserir esse hábito na criança e adolescente: a família e a escola. Mas infelizmente os próprios professores não têm o hábito de leitura. Então a escola não está cumprindo o seu papel nesse sistema.

Então não é que o pobre não tem o hábito de leitura, existe uma deficiência da escola pública, que não é de hoje, e não trabalha nessa questão do incentivo de forma adequada. Então, quando você tributa um livro acaba limitando o acesso a ele limitando esse acesso à toda sociedade.

Blog - Como podemos melhorar o índice de leitura dos brasileiros?

Eduardo Villela - A primeira coisa é a melhora da qualidade de ensino nas escolas públicas. É muito importante a criação do incentivo à leitura por parte dos educadores. É muito mais fácil fazer nascer esse interesse na criança ou no jovem do que em adultos. É preciso fazer com que o livro receba a importância que ele tem como ferramenta no desenvolvimento humano.

  Agradecemos a participação.

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