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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Opinião // O lugar do coração, do sorriso e da alma // Precisamos encontrar relacionamentos verdadeiros, além da tela do computador


O lugar do coração, do sorriso e da alma

 Precisamos encontrar relacionamentos verdadeiros, além da tela do computador

20.01.2016. Fonte: ZENIT, por Carlo Climati. Foto: Pixabay Geralt

Cinquenta anos atrás, nas paradas musicais norte-americanas, triunfou uma canção maravilhosa: The Sound of Silence de Simon e Garfunkel.
Você se recorda das palavras desta obra-prima? Chamavam a atenção para o grave problema da falta de comunicação e do silêncio que separam os seres humanos.
Hoje, alguns podem dizer que se trata de uma mensagem ultrapassada. Estamos na era das grandes comunicações. Basta apertar uma tecla do computador para entrar em contato através da Internet com pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância.
No entanto, se pensarmos bem sobre isso, o texto de The Sound of Silence continua atual, especialmente a parte da música que descreve as pessoas que falam sem dizer nada e as pessoas que ouvem sem entender (“People talking without speaking, people hearing without listening”).
Talvez, hoje, toda a grande comunicação que nos rodeia seja apenas uma grande ilusão.
As relações humanas se tornam cada vez mais relações mediadas. Em outras palavras, relações indiretas e com emoções limitadas, porque são filtradas através de alguns instrumentos: o computador, o telefone, o blog, o chat, as redes sociais.
É claro que não nada de errado nestes meios de comunicação. Depende do uso que fazemos destes instrumentos. Tal como acontece com um bisturi. Nas mãos de um cirurgião qualificado pode salvar muitas vidas, mas se acaba nas mãos de um louco, pode matar.
Os problemas surgem quando os novos meios de comunicação se tornam demasiado invasivo na vida das pessoas. Propenso a tomar o lugar do coração, da alma, de uma voz ou de um sorriso.
Mais e mais jovens encontram-se presos em locais virtuais, que tomaram o lugar das praças do passado. Desta forma, eles encontram dificuldade de construir relacionamentos.
Às vezes, os relacionamentos mediados se tornam realmente desumanos. Considere, por exemplo, o que acontece nos dias festivos. O celular e o e-mail permitem que você envie a mesma mensagem de felicitação, simultaneamente, para mais de uma pessoa.
A saudável tradição de ligar ou enviar um cartão tem sido gradualmente substituída por mensagens iguais para todos, enviadas apenas por um botão no telefone.
Aquela pessoa para a qual você deseja dizer “Feliz Natal” não existe mais. Tornou-se um número em uma lista telefônica. Um alvo fácil de alcançar.
Os novos meios de comunicação são baseados em uma grande contradição. Eles dão a ilusão de onipotência, porque permitem que você entre em contato com muitas pessoas através do computador.
Mas, antes de tudo, precisamos nos questionar: o que é realmente a amizade? Com quem estou falando? Qual é a qualidade da minha comunicação?
A invasão, cada vez maior, do virtual na vida dos jovens, levanta muitas questões. Como levar em consideração o outro se você não tem o hábito de encontrá-lo e falar com ele? Como você pode levar a sério certos problemas?
Para mudar esta tendência, pode ser útil ajudar os jovens a redescobrirem a beleza das relações humanas autênticas. Fechar-se no mundo virtual também significa recusar-se a encarar o outro. Significa negar esforços, porque a relação direta com o próximo é também um compromisso, é colocar-se em discussão.
É importante ajudar os jovens a olhar para as pessoas reais. Ensinar a conviver com elas, para compreendê-las e amá-las de verdade. Não através da barreira de uma tela ou de um celular.
Este esforço pessoal certamente contribuirá para o crescimento dos jovens, ajudando-os a desenvolver melhor as relações interpessoais e de amizade para o resto de suas vidas. Uma vida que não é isolamento, mas relacionamento verdadeiro e encontro com o outro.