Uma boa ideia e uma repercussão inesperada. Foi o que
aconteceu com a prática de meditação e equilíbrio emocional aplicada por uma
professora na Escola Estadual Desembargador Boto de Menezes, em Cajazeiras,
Sertão da Paraíba. A matéria, publicada pelo portal do Governo do Estado no
último dia 26 de julho, repercutiu nacionalmente em diversos sites de notícia,
diversidade e cultura, além de gerar milhares de compartilhamentos em redes
sociais.
Em Cajazeiras, cerca de 30 alunos da escola participam das
aulas de equilíbrio emocional e meditação. A iniciativa, desenvolvida por uma
professora do 5º ano, é colocada em prática há cerca de cinco anos. O objetivo
é fazer com que os estudantes tenham melhor desempenho em sala e estreitem a
relação entre a escola e a comunidade.
De acordo com a idealizadora do projeto, a professora Cícera
Freire, que ensina há 14 anos na unidade, a ação começou a ser desenvolvida
depois que ela observou o comportamento dos alunos e percebeu que precisava de
algo que mantivesse a concentração deles por mais tempo direcionada ao
aprendizado.
“A meditação surgiu da necessidade apresentada pelos alunos,
após confidenciarem que não gostavam da disciplina de Língua Portuguesa, em
especial de leitura, e não terem afinidade alguma por literatura. Para mim, foi
um choque! Eu vi que precisava inovar e criar alguma coisa que pudesse chamar a
atenção dos alunos em sala e passei a trabalhar a inteligência emocional”,
relatou.
A professora ressaltou que a estratégia ultrapassou as
dependências da escola, já que os jovens chegam em casa e acabam refletindo
outro comportamento, voltam mais calmos e dedicados ao bom convívio social.
“Recebo vários relatos de familiares que registram um comportamento diferente
dos alunos, depois que passam pelas aulas de equilíbrio emocional”, disse.
Porém, houve rejeição, especialmente no início. “A rejeição partiu dos próprios
alunos. Mas não me dei por vencida simplesmente estimulava-os com esperança de
apresentarem alguma reação. Foi surpreendente, tanto que os resultados estão
aí”, observou.
Além de pais e alunos, a repercussão da atividade atingiu
professores de yoga, atividade em que a meditação faz parte da prática. Porém,
a professora Cícera Freire não é instrutora de yoga e explica que está ainda
galgando alicerces na prática, pois o conhecimento que obteve veio a partir de
leituras e pesquisas em artigos acerca do assunto.
A repercussão se deu tanto em sites de notícias locais e
sites oficiais de educação, como o do Conselho Nacional de Secretários de
Educação (Consed), sediado em Brasília-DF, quanto em sites de diversidade e
cultura nacionais como Hypeness, Catraca Livre e Eaiconteúdo.
Estes compartilharam a matéria em seus portais eletrônicos,
redes sociais e, em todos eles, o texto recebeu milhares de curtidas,
comentários e compartilhamentos. Apenas no site da Hypeness, foram 4,1 mil
‘likes’ via rede social Facebook. Em todos eles, vários dos comentários são de
professores, que acharam a ideia maravilhosa, bem como de pais e mães que
gostariam que houvesse a mesma iniciativa em escolas de suas respectivas
cidades. Um dos comentários afirmava que a prática deveria ser adotada por
todas as unidades de ensino, pois melhoraria o rendimento nas aulas.
Sobre a repercussão, a professora Cícera confessa eu não
esperava tanto e em todo o país. “Tenho recebido mensagens no Whatsapp,
Facebook, telefonemas, etc. Logo, gosto de dinamizar as aulas para que os alunos
construam algo e desse conhecimento construído por eles próprios. Fico feliz
por tudo”, comentou.
A professora de yoga Edineia Mangabeira, residente em João
Pessoa, também achou o projeto da professora Cícera uma bela iniciativa. Ela
compartilhou o link da matéria em sua página do Facebook e o post obteve
centenas de “curtidas” e gerou mais de 1600 compartilhamentos.
“Esta iniciativa é fantástica e deveria fazer parte do
currículo escolar, pois promove na criança a atenção e concentração,
consciência corporal, ajuda a ter mais equilíbrio para lidar com as diferenças
e dificuldades não só na escola, mas também em casa ou em qualquer outro lugar,
promove a autoconfiança, traz relaxamento, desperta para escuta, porque não é
possível aprender bem se não sabe escutar. A educação respiratória é um
elemento essencial na educação psicomotora, a regularidade do ritmo
respiratório traz vitalidade para as vias respiratórias e ajuda a fixar a
atenção. A prática deveria ser utilizada pelos educadores todos os dias e fazer
do aluno um agente multiplicador”, ressaltou Edineia, que também parabenizou a
professora pela iniciativa.
Diego Lins, instrutor de yoga em João Pessoa, que também
compartilhou o post, afirmou que “O Yoga dá soluções saudáveis, baratas e
eficazes contra muitos problemas (físicos e sociais). Cuidar-se é mais fácil do
que a gente imagina”.
Liga pela Paz – As aulas de meditação e equilíbrio emocional
realizadas pela professora Cícera Freire foram reforçadas com a metodologia
Liga pela Paz, que começou a ser aplicada em 2014 na rede estadual. A proposta
da iniciativa complementa as ações da professora de Cajazeiras, isto é,
pretende implantar uma cultura de paz e não violência nas escolas, bem como
contribuir para melhoria da aprendizagem e da convivência dos alunos.
A Liga pela Paz já conseguiu reduzir em 34% os
comportamentos problemáticos na sala de aula, como: agressividade destrutiva,
hiperatividade e tristeza/depressão. Este ano, além dos alunos do 1º ao 5º ano
do Ensino Fundamental I, a metodologia se estende aos estudantes do 6º e 7º
anos do Ensino Fundamental II, com conteúdo teórico e atividades
psicopedagógicas ministradas por professores de Artes.