Entre as atividades previstas pelo colegiado estão a construção de áreas esportivas e de convivência e a recuperação da vegetação nativa degradada
GABRIELA
MOLL, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Depois da recategorização do Parque Ecológico Burle Marx, antes considerado de uso múltiplo, governo e sociedade se unem para discutir ações para a implementação do espaço. Reunido pela primeira vez nessa quinta-feira (15)depois de ter sido criado, o comitê gestor discutiu metas a curto e a longo prazo para garantir a conservação e o melhor uso do parque, cuja área se estende do fim da Asa Norte até o Autódromo Internacional Nelson Piquet.
O comitê gestor discutiu metas a
curto e a longo prazo para garantir a conservação e o melhor uso do parque,
cuja área se estende do fim da Asa Norte até o Autódromo Internacional Nelson
Piquet. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília
A nova classificação garante maior preservação da vegetação nativa. Para
isso, é necessário adaptar o plano de manejo da unidade de conservação como
parque ecológico — operação técnica que cabe ao Instituto Brasília
Ambiental(Ibram) e que deve ser revisada pelaAgência de
Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), detentora da área. “Todas
as mudanças serão feitas com audiência pública”, destacou a presidente do Ibram,
Jane Vilas Bôas, na reunião de ontem na Biblioteca do Cerrado, no Parque
da Cidade Dona Sarah Kubitschek.
“Queremos criar núcleos com quadras esportivas, quiosques, banheiros e
serviços de estacionamento”, disse a presidente do Ibram. Segundo Jane, a
população também será consultada sobre quais equipamentos e atividades de
recreação e lazer espera encontrar. O colegiado discutirá questões como a mobilidade,
o fluxo de automóveis que deve ser permitido e outras iniciativas que passarão
por consulta pública.
"Todas as mudanças serão feitas com audiência pública."
Jane Vilas Bôas, presidente do
Instituto Brasília Ambiental (Ibram)
Entre as ações de curto prazo definidas pelo comitê estão a
regularização da poligonal do parque, conforme projeto de urbanismo; a
definição de um projeto arquitetônico; a aquisição de um sistema de vigilância
interna e externa; e a criação de um sistema para prevenir e combater incêndios.
As de médio e longo prazos envolvem, entre outras medidas, o mapeamento de
riscos para aquele ecossistema; a criação de um quadro funcional mínimo de
funcionários para a unidade; e um projeto executivo, que definirá os acessos ao
parque e atividades de educação ambiental e de pesquisa científica.
O secretário do Meio Ambiente, André Lima, que participou da
reunião, destacou a urgência para garantir necessidades básicas, como o cercar
a área e prover iluminação interna. “Temos de iniciar ações de manutenção, como
limpeza e roçagem.” Para isso, o comitê desenvolve um cronograma de execução.
“Estamos animados para entregar o parque em boas condições de uso.”
"Estamos animados para entregar o parque em boas condições de
uso." André Lima, secretário do Meio Ambiente
Durante apresentação sobre o contexto histórico da área, a
superintendente de Gestão de Áreas Protegidas do Ibram e
presidente do colegiado, Tânia Brito, reforçou os maiores desafios da região e
a necessidade da preservação. “O parque é um remanescente do Cerrado antigo, um
importante corredor ecológico que abriga grande biodiversidade e uma importante
carga hídrica para o DF”, elencou. Para ela, é fundamental que seja garantida a
integridade do ecossistema com medidas como o controle de incêndios florestais
e de vegetação exótica invasora e com a recuperação de áreas degradadas e o
plantio de espécies nativas.
Outros pontos apontados pela superintendente do Ibram e
que devem ser levados em conta no plano de ocupação são a preservação da
paisagem, o uso responsável do parque pela população e o investimento em
segurança pública nas redondezas.
Comitê gestor do Parque Burle Marx
Integram o colegiado cinco membros representantes do poder público e 15
da sociedade civil — entre entidades de pesquisa, associações de moradores e
organizações de caráter ambiental. O grupo, criado por meio de um decreto
assinado em maio pelo governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, tomou
posse em 17 de agosto.
A criação do comitê gestor está prevista na Lei Complementar nº 265, de 14 de dezembro de 1999. Ele será
responsável por definir as regras de funcionamento e uso do espaço. A
próxima reunião está prevista para 22 de outubro.
Recategorização
dos parques do DF
A recategorização é uma determinação da Lei Complementar nº 827, de 2010, que estabelece os critérios
e as normas para criação, implementação, alteração e gestão das unidades de
conservação em Brasília. São previstas mudanças em cerca de 60 dos 71
parques administrados pelo Ibram.
EDIÇÃO:
RAQUEL FLORES