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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

218. Priscilla Brito / Cientista política e feminista do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) / Articulação de Mulheres Brasileiras / Análise das Eleições 2012















Fotos: Disponibilizadas por Kathlen Amado - Assessoria de Comunicação


O Blog Companhia das Entrevistas tem a honra de contar com a participação de Priscilla Brito, cientista política e feminista do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) numa entrevista que informa sobre a Articulação de Mulheres Brasileiras reunidas para análise das Eleições 2012 e debates políticos. A reunião aconteceu em novembro 2012, no CCB Centro Cultural de Brasília-DF. Boa leitura:


Blog - As mulheres ocuparam, pela primeira vez no Brasil, mais de 30% das candidaturas a um cargo eletivo, e podemos considerar este fato uma evolução?

Priscilla Brito - Nós não diríamos “evolução”, mas foi mais um passo em prol de uma maior igualdade de gênero no nosso país. As cotas foram um grande conquista para o movimento de mulheres, mas infelizmente elas ainda não garantiram um aumento no número de mulheres eleitas na mesma proporção. Para uma mudança mais profunda, vai ser preciso mudar o sistema político.

Blog - No início dos debates em torno da criação de um mecanismo de discriminação positiva para mulheres nas eleições brasileiras, no começo da década de 1990, os líderes partidários desenvolveram o mantra “mulheres não se interessam por política” para justificar seu desacordo.  Isso já foi superado totalmente?

Priscilla Brito - Não. As estruturas partidárias ainda são muito sexistas e tendem a manter elites políticas por muito tempo, o que dificulta a entrada de mulheres. Além disso, apesar do incentivo à candidatura de mulheres para cumprir a cota, muitas vezes os partidos não oferecem estrutura para que as mulheres façam boas campanhas. Num sistema eleitoral como o nosso, de lista aberta e financiamento privado, as campanhas são muito caras e dependem do apoio de empresários e grande apoio dentro do partido. É mais difícil para as mulheres superarem essas barreiras por causa da nossa cultura patriarcal mesmo.

Blog - A obrigatoriedade das cotas eleitorais pode explicar o avanço em termos de candidaturas de mulheres ao Legislativo Municipal?

Priscilla Brito - Com certeza, os partidos acabam tendo que incentivar a candidatura das mulheres, para pelo menos cumprir a cota. O problema é que, infelizmente, muitas acabam como “laranjas” e sequer fazer campanha. Entram na disputa somente para apoiar outros candidatos, a maioria homens.

Blog - No caso de candidaturas a prefeituras, onde o sistema de cotas eleitorais não é obrigatório, as candidaturas foram menores?

Priscilla Brito - O número de candidatas às prefeituras aumentou. Em 2008 as mulheres representavam 11,12% do total de candidaturas, e em 2012 a porcentagem subiu para 12,45%.Também aumentou o número de prefeitas eleitas. No primeiro turno, o número de eleitas já tinha alcançado 11,37%, um recorde. Só para lembrar, nas eleições de 1996, as primeiras após a lei eleitoral que definiu as cotas, as mulheres ganharam apenas 3,4% das prefeituras. Para nós, no entanto, ainda há muito o que avançar. O número de candidatas não chega a 30%, que é o mínimo estabelecido para as candidaturas proporcionais. Ainda falta muito para uma situação de igualdade na política.

Blog - houve um crescimento absoluto de candidaturas femininas?

Priscilla Brito - Sim. Mas o número de candidatas aumentou em maior proporção que o número de eleitas.

Blog - Como nossos leitores e leitoras de nosso Blog Companhia das Entrevistas podem participar da campanha “Quanto Vale seu Voto”?

Priscilla Brito - A campanha continuará no ar até 2014. Então os leitores e leitoras podem acessar o site http://quantovaleseuvoto.org.br/ , acessar os materiais e ajudar a difundi-los. Os vídeos da campanha estão disponíveis para download e tem também um Guia Feminista para as eleições de 2012, que pode incentivar mulheres que estejam pensando em se candidatar nas próximas eleições a começar a construir sua candidatura. Para quem tem contato ou faz parte de alguma rádio comunitária, os spots de rádio também estão disponíveis para download.
Em breve colocaremos novos materiais na rede.

Blog - Estiveram presentes nos debates da AMB mulheres do Brasil inteiro? vereadoras, candidatas?

Priscilla Brito - Sim, a Articulação de Mulheres Brasileiras se organiza em quase todos os estados brasileiros através de fóruns estaduais. Várias integrantes se candidataram, principalmente às câmaras municipais, na tentativa de construir candidaturas mais feministas. No entanto, nenhuma chegou a ser eleita.