Foto: Markus Mauthe | Greenpeace
No Dia Internacional da Biodiversidade não há o que celebrar
O aumento de desmatamento na Amazônia é a principal ameaça à diversidade biológica no país
São Paulo, 20 de maio de 2022 - No dia 22 de maio (domingo), é celebrado o Dia Internacional da Biodiversidade. A data, proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, é uma forma de conscientizar e alertar toda a sociedade para a necessidade e a importância da preservação da diversidade biológica, que inclui todas as plantas, animais e microrganismos da Terra. O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo e é guardião da maior floresta tropical úmida do planeta, entretanto, não há muito o que comemorar quando a biodiversidade brasileira vem sofrendo fortes ameaças, principalmente com o desmatamento recorrente na Amazônia. Os dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados no início do mês, apontam para um total de 1.013 km² de áreas desmatadas somente no mês de abril, o equivalente a mais de 100 mil campos de futebol padrão FIFA para competições internacionais. Comparado ao mesmo mês do ano anterior, o aumento registrado foi de 74,6%.
Ainda acerca do desmatamento, na recente divulgação do Global Forest Watch, o Brasil aparece como responsável pela perda de 40% do total de florestas tropicais no mundo em 2021. Portanto, evitar o desmatamento na Amazônia é necessário para a preservação da diversidade biológica global. Segundo dados da ONU, 15% da biodiversidade do planeta se encontra na Amazônia. Além disso, existem cerca de 30 milhões de espécies animais, dentre essas mais de mil espécies de aves já catalogadas e 85% de todas as espécies de peixes da América do Sul estão neste bioma, conforme dados do Instituto Brasileiro de Florestas. A floresta hospeda também 2.500 espécies de árvores, sendo 1/3 de toda a madeira tropical do mundo e 30 mil espécies de plantas, das 100 mil existentes da América do Sul, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
A porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti, relembra que temos uma crise da biodiversidade em curso e que, apesar do país estar seguindo na contramão da proteção das florestas remanescentes, sabemos o caminho para reverter a situação: “Estamos perdendo espécies da biodiversidade em um ritmo acelerado devido à ações humanas, e um exemplo delas é o desmatamento que está em alta na Amazônia. No entanto, com vontade política é possível reverter este quadro. Entre 2004 e 2012 o desmatamento na maior floresta tropical do planeta caiu em 80% como resultado de um plano robusto de combate ao desmatamento que envolvia, dentre outras ações, atividades articuladas de fiscalização e criação de áreas protegidas. Essas estratégias têm sido ignoradas pela gestão atual, ainda que a ciência alerte para a urgência de ações para conter não só a crise da biodiversidade, mas também do clima, cabe a nós, sociedade, pressionar para que o combate ao desmatamento seja uma política séria e de Estado”.
As principais razões da ameaça à biodiversidade e dos níveis alarmantes de desmatamento a expansão agropecuária, a grilagem de terras, extração ilegal de madeira e avanço do garimpo ilegal. É necessário investimento em um modelo de desenvolvimento econômico que conviva com a natureza, protegendo o habitat de espécies ameaçadas e se beneficiando da verdadeira riqueza da floresta viva. Além disso, é necessário comprometimento por parte do poder público, em medidas que combatam verdadeiramente o desmatamento e protejam a diversidade biológica.
Proteger a biodiversidade não se trata apenas de defender a
natureza, mas de defender toda a vida. Vivemos um momento determinante no qual
ou mudamos a nossa relação com a natureza ou nosso bem-estar, e das futuras
gerações, estarão comprometidos.
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