Não deveria ser comum, mas acontece uma certa invisibilidade por
parte da sociedade e do poder público em relação às pessoas em situação de rua. Mas nem tudo está
perdido, há esperança para esses seres humanos que por diferentes motivos se
encontram perambulando pelas ruas, pedindo esmolas e dormindo nas calçadas de
nosso país. Na Capital Federal, mas precisamente, em Taguatinga-DF, há uma
quantidade muito grande de pessoas em situação de rua, e é sobre este assunto
que o Blog Companhia das Entrevistas tem a honra de conversar com Secretário
Daniel Seidel, Secretário de Estado, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Social e Transferência de Renda, do Governo do Distrito Federal. Boa leitura:
Blog: Nós sabemos que a Sedest possui na sua essência, a
questão social, e em relação, por exemplo, a algumas situações, de moradores de
rua, que, infelizmente, tem alguns comportamentos pessoais, de consumo de drogas
ilícitas, e sabemos que a Sedest já está atuando, mas especificamente na área
de Taguatinga-DF, que inclusive foi motivo de reportagem em 16 de agosto de
2012, de uma emissora de TV, com a Sedest atua?
Secretário Daniel Seidel: Na verdade, nós temos, a partir do
dia 09 de julho de 2012, quando foi publicada a “Política para a População em
Situação de Rua”, e desde então, se concretizando, com a construção dos Centros "Dia", centros
próprios, que fazem um atendimento durante o dia, com a população de rua, para
que aja um acolhimento e um atendimento, e na questão do tratamento para
aqueles que tem envolvimento com uso de drogas e outras substâncias lícitas ou
ilícitas também, e o alcoolismo tem muita presença , e nós temos que
reconstituir toda a rede de nossos serviços, inclusive no Albercom, nós vamos
ter para atendimento não só para a comunidade que neste momento está albergada,
mas depois, para toda a comunidade da região, com um CAPS, Centro de
Atendimento Psicossocial , tanto para álcool e drogas, inclusive com essa possibilidade
de tratamento, por que quando nós chegamos no Governo, em 2011, faltavam 46
CAPS, e atualmente construímos 3, neste ano de 2012, vamos entregar mais 6, que
é o equipamento da Secretaria de Saúde, e a partir daí nós estamos procurando
dar um atendimento digno para que as pessoas possam encontrar solução para os
seus encaminhamentos. A política para a população em situação de rua envolve
pelo menos três tipos diferentes de pessoas que estão nessa situação de rua,
que vem pra cá, para procurar tratamento de saúde e outros serviços públicos do
Distrito Federal, pessoas que fazem captação de materiais recicláveis, e que
para isso precisa de uma política de resíduos sólidos, e pessoas que são
guardadores de carros e veículos, que foi inconstitucional a forma de
regulamentar a ação deles aqui, e nós estamos reconstruindo, e é a nossa ideia,
que eles se organizem em associações no campo da economia solidária, e é desta
forma, enfrentando os problemas com maturidade na sua realidade que nós estamos
procurando construir essas respostas, e a Sedest está com todo o empenho nesse
sentido, e só este ano de 2012 serão construídos mais 18 equipamentos públicos
da Sedest em função do “Plano do Crack” e em função da Política de uma forma
geral para catadores, para a própria população em situação de rua, para que a
gente possa ter um atendimento digno dessas pessoas.
Blog: E em relação aos telespectadores que estavam
assistindo a matéria veiculada numa emissora de TV no dia 16 de agosto de 2012,
em que o assunto foi a situação de Taguatinga-DF no que diz respeito a situação
das pessoas que estão em situação de rua, e que durante o dia ficam
perambulando pelas calçadas, na matéria, o jornalista da emissora de TV
informou que entrou em contato com a assessoria de comunicação da Sedest, e
recebeu a informação de que ninguém poderia conceder uma entrevista. E faço o
seguinte questionamento, sabemos que uma das responsabilidades da imprensa é
ser um elo entre a população e poder público, mas como fica a população, quando
o poder público através de sua assessoria de comunicação não consegue
concretizar este elo tão importante, que liga os que pagam os impostos com quem recebe salários de nossos impostos?
Secretário Daniel Seidel: Tão logo eu soube dessa reportagem
do dia 16 de agosto de 2012, veiculada pela manhã, eu procurei levantar informações
com a assessora de comunicação, até por que, eu sou muito sério na condução
dessas respostas e com o tratamento com os jornalistas e com os veículos de
comunicação, e procurei saber o que aconteceu, e ela me disse que o contato foi
feito quase às 20h, ou seja, completamente fora do que é considerado um
expediente normal, e se uma emissora está desejosa, que quer alguém para fazer
uma entrevista, até por que eu nunca me neguei , nunca me furtei, e naquele
momento não tinha como fazer esse contato, mas nós estamos sempre à disposição,
é tanto que no domingo eu fiz entrevista num programa específico para falar da
política, e eu dei pelo menos meia hora de entrevista na mesma emissora, é só
para dizer que a gente não se furta a esse debate, mas é importante esclarecer
que também da classe do jornalista é preciso que sejam éticos e decentes no
processo de contato conosco, que somos gestores públicos e realmente temos uma
agenda cheia de compromissos.
Blog: A Sedest através da sua pessoa, Secretário de Estado,
participou do Seminário 5ª Semana Social Brasileira que aconteceu no dia 18 de
agosto de 2012, no auditório da Universidade Católica de Brasília, tendo como
centro do debate, o Estado, Estado para quê e para quem? Qual a sua opinião em relação ao
assunto?
Secretário Daniel Seidel: A Semana Social Brasileira, para
mim, é tudo que eu venho enfrentando no Estado, primeiro perceber que tem
recursos públicos disponíveis no Estado para serem utilizados na superação da
extrema pobreza, de fato o que falta é a priorização dentro do Estado e da
gestão dos recursos públicos para a população que mais precisa, e pelo fato de
eu ser um militante, da Comissão Brasileira Justiça e Paz, vindo das Pastorais
Sociais, eu acredito muito nesse processo de educação popular que envolve a
sociedade, para que o Estado realmente esteja a serviço dos que mais precisam,
que, por sinal, está também a fala de nosso próprio Governador , “Estado para
quem mais precisa, Governo para quem mais precisa de Governo”, e eu tenho
procurado, no âmbito da Sedest, construir e estou percebendo que é possível.